É de Vinhais, no distrito de Bragança, que parte a peregrinação mais longa até Fátima, com mais de 400 quilómetros. É lá que também começa a narrativa ficcional de João Canijo, centrada na convivência entre 11 mulheres a caminho do santuário, a propósito de um 13 de maio.

"Não começou por ser um filme sobre a crença, mas sobre as relações de grupo. E as relações de grupo entre mulheres parecem-me muito mais interessantes do que com homens à mistura", explicou João Canijo em entrevista à agência Lusa.

O pretexto para João Canijo explorar esse tema acabou por ser a peregrinação a Fátima, que as 11 atrizes - e o próprio realizador - experimentaram no processo criativo e que simularam depois na rodagem.

Em "Fátima" entram as atrizes Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Vera Barreto, Teresa Madruga, Ana Bustorff, Teresa Tavares, Alexandra Rosa, Íris Macedo, Sara Norte e Márcia Breia.

Apesar de "Fátima" ter uma base documental, o realizador alerta: "Foi tudo absolutamente estudado. (...) Portanto, confunde-se, como em tudo, a personagem com a 'persona', mas isso é sempre assim. Os atores nunca saem de si próprios, não se transformam em mais ninguém. E essa confusão também me agrada bastante".

No final do ano deverá estrear-se na RTP uma série a partir das filmagens e que, segundo João Canijo, tem mais desenvolvimentos ficcionais de cada uma das personagens.

Veja a entrevista ao realizador:

João Canijo e as suas atrizes

O realizador, que já trabalhou com grande parte destas atrizes em filmes como "Sapatos Pretos" (1998), "Mal nascida" (2007) e "Sangue do meu sangue" (2011), quis ainda filmar a relação de cada uma das mulheres com a fé.

"A necessidade da fé, a necessidade que a Humanidade tem de algum tipo de fé. Não é forçosamente a católica, a Humanidade sempre teve essa necessidade de acreditar em algo transcendente e isso foi uma coisa que me interessou muito, perceber porquê. Não pretendo explicá-lo, mas perceber até onde é que isso pode levar as pessoas", disse o realizador.

Para este filme, João Canijo fez ele próprio uma viagem a pá a Fátima, mais curta - de 80 quilómetros -, para perceber o que sente e sofre quem faz esta peregrinação.

Anabela Moreira explicou que a preparação para este filme teve várias fases. As atrizes acompanharam várias peregrinações e também falaram sobre a relação delas próprias com a fé. Só depois é que trabalharam no argumento com base nessa informação toda.

"O João fala sempre: 'Não é mimetização é deixar contagiar. Não tentas imitar nada'. Houve uma dificuldade acrescida, que foi o sotaque. Tentar ser contagiado por aquela forma de estar, de ver o mundo, de pensar sobre deus, sobre a vida, sobre as pessoas sobre o comportamento da mulher e do homem", recordou a atriz.

No caso de Anabela Moreira, a criação da personagem implicou trabalhar num supermercado e no campo, a cuidar de porcos e vacas.

"É um privilégio poder trabalhar assim. Em vez de estar a trabalhar sobre a imaginação, ganhas memórias reais daquela outra vida no dia-a-dia. Acabas mesmo por viver aquilo. Aquilo foi parte da minha vida", disse.

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