Após as cinco principais cadeias de salas de cinema dos EUA terem decidido não exibir «Uma Entrevista de Loucos», o estúdio Sony optou por cancelar completamente a estreia do filme marcada para o dia de Natal e não tem planos para o lançar em «video-on-demand» ou em DVD e Blu-ray para os tempos mais próximos. É esperado que o mesmo aconteça a nível internacional. Autoridades já ligaram a Coreia do Norte ao ataque informático sofrido pelo estúdio e às ameaças de explosões ao nível das do 11 de Setembro nas salas que exibissem o filme.

No filme, a CIA dá ao apresentador de um «talk show» (James Franco) e o seu produtor (Seth Rogen) a missão de assassinar o líder da Coreia do Norte Kim Jung-un (Randall Park).

Um outro estúdio cancelou planos para fazer «Pyongyang», um thriller que se centra num ocidental detido na Coreia do Norte acusado de espionagem. Protagonizado por Steve Carell, a rodagem estava prevista para março com Gore Verbinski («Piratas das Caraíbas») como realizador.

Recorde-se que o grupo Guardiões da Paz [Guardians of Peace], que atacou a base de dados da Sony Pictures e tem divulgado várias informações internas desde 24 de novembro, invocou os atentados do 11 de setembro de 2001 na sua última ameaça: «Mostraremos claramente que os locais de exibição de «Uma Entrevista de Loucos» no dia da estreia terão um destino amargo...». »O mundo verá em breve o péssimo filme que fez a Sony Pictures. O mundo ficará cheio de medo. Lembrem-se do 11 de setembro de 2001. Recomendamos que se mantenham longe dos cinemas».

«Este ataque foi dirigido ao coração e alma do negócio da Sony e foi bem sucedido», afirmou Avivah Litan, analista de cibersegurança. «Nunca vimos um ataque como este nos anais da história de violações informáticas americanas».

Um responsável oficial norte-americano informou, sob anonimato, que investigadores federais já conseguiram estabelecer uma relação entre o ataque e a Coreia do Norte, algo sempre negado por responsáveis do país, sendo esperada uma confirmação oficial num futuro próximo.

Com um orçamento modesto na ordem dos 40 milhões de dólares, as previsões para «Uma Entrevista de Loucos» apontavam para receitas na ordem dos 30 no primeiro fim de semana e 75 a 100 no total. Mesmo que opte por estrear o filme agora no circuito de vídeo, a decisão pode significar dezenas de milhões de dólares de prejuízo após a campanha de marketing.

Sabe-se que a Sony enfrentou também pressões dos outros estúdios cujos filmes seriam prejudicados com a preocupação com a segurança dos espectadores pois o Natal é uma das temporadas mais lucrativas do ano.

No entanto, a decisão extravasa agora o âmbito cinematográfico e torna-se político, envolvendo as liberdades de expressão tão caras à sociedade americana. O estúdio Sony afirmou respeitar e partilhar as preocupações dos exibidores com a segurança do pessoal das salas e espectadores, mas vozes na comunidade política e artística, como Newt Gingrich, Donald Trump, Michael Moore, Judd Apataw, Steve Carell, Mia Farrow, Zach Braff, Rob Lowe, Aaron Sorkin, Jimmy Kimmel e Bill Maher, criticaram a decisão, falando numa «capitulação» que cria um «precedente gravíssimo».

O próprio presidente Barack Obama já falou sobre o sucedido mas aconselhou as pessoas a irem ao cinema, sugerindo que a administração ainda tem de certificar que a ameaça é legítima. Em entrevista à ABC News, o dirigente norte-americano sublinhou que «o ataque informático é muito sério» e que «estamos vigilantes. Se virmos algo que pensamos que é credivel e sério, então alertaremos o público».

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.