Numa entrevista ao The Hollywood Reporter, o produtor Bob Weinstein, sócio desde sempre de Harvey Weinstein não poupou críticas ao comportamento do irmão. "É difícil descrever como me sinto por ele ter descarregado o vazio dentro dele de tantas formas doentes e depravadas. É uma doença mas não é uma doença desculpável. E eu, como irmão, tinha a noção de que ele precisava de ajuda e de que algo estava errado", disse.

No dia em que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood se reuniu para discutir a situação do irmão a acabou por o expulsar, Bob Weinstein não tem dúvidas: "quero que ele tenha a justiça que merece". A Academia "deve expulsar o meu irmão doente e depravado", acrescenta.

Na conversa, Bob Weinstein, que sempre foi a metade mais ofuscada da dupla de produtores, admite que há muitos anos não tem uma relação próxima com o irmão e que nos últimos cinco anos terá tido dez conversas de foro pessoal com ele. E revela ainda: também ele foi vítima de violência verbal e física (uma vez, diz) por parte de Harvey Weinstein.

Quando questionado sobre se tinha ou não conhecimento das ações do irmão, Bob Weinstein explica que sabia que "ele se atirava a todas as mulheres que conhecia" mas que, apesar de lhe dizer que as traições constantes à mulher não eram corretas, achava que se tratavam de relações consensuais.

Depois de um primeiro artigo do New York Times, na quinta-feira, 5 de outubro, revelar várias acusações de assédio sexual contra Weinstein ao longo de décadas, mais de 30 mulheres denunciaram a violência sexual de que dizem ter sido alvo, por parte do produtor norte-americano.

Num comunicado então enviado ao jornal, Weinstein admitiu o comportamento, pediu perdão, uma segunda oportunidade e acrescentou que tentava corrigir a forma de atuar há dez anos, com recurso a terapia.

Dias depois da notícia original, a revista New Yorker, numa investigação assinada por Ronan Farrow, revelou que três mulheres acusam Weinstein de violação, algo do qual a atriz Rose McGowan disse também ter sido vítima.

Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Ashley Judd, Léa Seydoux e Asia Argento figuram entre as mulheres que denunciaram uma série de episódios diferentes, que vão desde presumíveis comportamentos sexuais abusivos a violações por parte do produtor galardoado com um Óscar pela produção de “A Paixão de Shakespeare” (1998).

Múltiplas personalidades do mundo cinematográfico, como as atrizes Meryl Streep, Kate Winslet, Judi Dench e Jennifer Lawrence, que colaboraram profissionalmente com o produtor, vieram a público condenar o comportamento de Weinstein, vozes às quais se juntaram também a de atores como Colin Firth, Mark Ruffalo, George Clooney e Christian Slater.

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