«Como está a tua vida sexual? Tem feito muito sexo?», foi o que perguntou um investidor a uma realizadora durante uma reunião de angariação de financiamento para um documentário sobre os direitos das mulheres no Médio Oriente.

Uma realizadora descreveu um comentário que ouviu de um produtor a outro membro da equipa sobre ela: «Precisamos trazer cá o namorado dela para o fim de semana. Ela precisa ser f*dida».

Quando uma mulher perguntou a um produtor qual o seu próximo projeto, este respondeu: «Acho que devíamos f*der».

Uma mulher descreveu o momento em que um técnico estava a contar uma história aos colegas quando reparou na sua presença e disse, «Ups, não devia dizer asneiras quando está c*na na sala».

«Não posso trabalhar com alguém que quero f*der. Transtorna-me a cabeça», disse um realizador, casado, a uma das mulheres que trabalhavam para si.

Chama-se
«Shit People Say to Women Directors» [«M*rdas que dizem às mulheres realizadoras»] e é um novo blogue destinado a encorajar as trabalhadoras do sexo feminino que trabalham em cinema e televisão a partilhar de forma anónima as suas experiências «profissionais».

Surgido a 22 de abril, o espaço afirma-se como «uma plataforma para expor algumas das barreiras absurdas que as mulheres enfrentam na indústria do entretenimento» americana e está a provocar grande polémica.

A resposta foi tão esmagadora que os criadores revelaram ter recebido de um dia para o outro histórias suficientes para alimentar o blogue durante um ano.

As histórias partilhadas passam pelas remunerações injustas, colegas ou subordinados que contrariam indicações ou ordens das realizadoras, utilização de nomes pejorativos, «piadas» sobre violação, propostas lascivas, beijos forçados e ameaças flagrantes.

De acordo com um estudo da Universidade de San Diego, 23% dos empregos na realização e 26% dos cargos importantes nos bastidores são ocupados por mulheres.

Um outro estudo mostrava que nos 100 filmes mais rentáveis nos EUA em 2013, apenas 15% das protagonistas, 29% das personagens principais e 30% dos papéis com diálogos são do sexo feminino, uma marginalização que se mantém inalterada desde a década de 40.