Foi um dos filmes mais falados do Festival Internacional de Animação de Annecy, o maior e mais importante do género no mundo, e acabou mesmo por ganhar o prémio principal:
«Subconscious Password» conquistou o Cristal de Annecy para Melhor Curta-Metragem e volta a confirmar o enorme talento do norte-americano Chris Landreth, que trabalha para o National Film Board of Canada, para onde dirigiu também o seminal «Ryan» (que ganhou quase tudo o que tinha para ganhar, incluindo o Óscar) e «The Spine» (que venceu o Grande Prémio do Cinanima, em Espinho).

Este seu novo filme, no registo que ele próprio designou de «psicorealismo», tem mais humor e coloca o próprio cineasta no papel de um homem que encontra um velho amigo de cujo nome não se consegue recordar, e cujo cérebro se lança num esfuziante concurso televisivo para o descobrir, que envolve figuras como Sammy Davis Jr. e James Joyce. Foi um dos mais aplaudidos do evento embora tenha dividido opiniões.

Mais discreta foi a passagem pelo festival do russo
«Obida», de Anna Budanova, que ganhou o Prémio Especial do Juri para Curta-Metragem, pela história curiosa e surpreendente de uma menina cujos ressentimentos são encarnados por uma criatura peluda com a qual ela começa a ter uma imensa afinidade.

Em termos de número de prémios, o mais distinguido foi um dos melhores filmes da competição, o norte-americano
«Feral», realizado por Daniel Sousa, que nasceu em Cabo Verde e viveu em Portugal até rumar aos EUA. Esta história de um menino selvagem e da sua adaptação à realidade do mundo dito civilizado conquistou três troféus, incluindo o Prémio Junior (atribuído pelos jovens) e uma Menção Especial do Prémio Fipresci, atribuído pela imprensa. Este último galardão premiou o excelente filme abstrato a três dimensões
«Gloria Victoria», de Theodore Ushev, que assim conclui a trilogia que arrancara com o também premiado «Tower Bauer».

De fora ficaram do palmarés, ficaram, infelizmente, filmes tão significativos como «Marcel, Roi de Tervuran», de Tom Schroeder, «Boles de Spela Cadez, ou «Betty's Blues», de Rémi Vandenite.

No campo das longas-metragens o vencedor inesperado foi
«Uma História de Amor e Fúria», de Luis Bolognesi, que marca a estreia do cinema brasileiro nesta competição. A história é ambiciosa e atravessa 600 anos de história do país, com um protagonista imortal que ressurge em momentos críticos da história do Brasil em luta pelo lado mais desfavorecido e sempre em busca do seu grande amor. Embora desequilibrado, o filme é muito interessante, mas também dividiu opiniões.

Mais consensual foi o francês
«Ma maman est en Amérique, elle a rencontré Buffalo Bill», de Marc Boréal e Thibaut Chatel, baseado na BD homónima sobre as vivências de uma criança que acaba de entrar no ciclo escolar e que tem de lidar com a ausencia da mãe, que conquistou uma Menção Especial. O Prémio do Público foi para o também já muito elogiado filme galego em animação «stop-motion»
«O Apóstolo», que passou por Portugal na Fantasporto e na cerimónia de abertura da Monstra - Festival de Animação de Lisboa.

Eis a lista conpleta de vencedores:

Curtas-Metragens:

Cristal de Annecy: «Subconscious Password», de Chris Landreth (Canadá)

Prémio Especial do Júri: «Obida», de Anna Budanova (Rússia)

Menção especial para primeiro filme: «Trespass», de Paul Wenninger (Áustria)

Prémio Jean-Luc Xiberras para primeiro filme: «Norman», de Robbe Vervaeke (Bélgica)

Menção Especial: «Kolmnurga afäär», de Andres Tenusaar (Estónia)

Prémio Sacem para Música Original: «Lonely Bones», de Rosto (Holanda)

Prémio Júri Junior: «Feral», de Daniel Sousa (EUA)

Prémio do Público para Curta-Metragem: «Lettres de femmes», de Augusto Zanovello (França)

Longas-Metragens:

Cristal de Annecy: «Uma História de Amor e Fúria», de Luiz Bolognesi (Brasil)

Menção Especial: «Ma maman est en Amérique, elle a rencontré Buffalo Bill», de Marc Boréal e Thibaut Chatel (França)

Prémio do Público: «O Apóstolo», de Fernando Cortizo Rodriguez (Espanha)

TV e Filmes de Encomenda:

Cristal para Melhor Produção TV: «Room on the Broom», de Jan Lachauer e Max Lang (Reino Unido)

Prémio Especial para Série de TV: «Tom & The Queen Bee», de Andreas Hykade (Alemanha)

Prémio para Melhor Especial de TV: «L’Automne de Pougne», de Pierre-Luc Granjon e Antoine Lanciaux (França)

Cristal para Melhor Filme de Encomenda: «Dumb Ways to Die», de Julian Frost (Austrália)

Prémio Especial do Júri: Benjamin Scheuer «The Lion», de Peter Baynton (Reino Unido)

Filmes de Escola:

Melhor Filme de Fim de Estudos: «Ab Ovo», de Anita Kwiatkowska-Naqvi (Polónia)

Prémio Especial do Júri: «I Am Tom Moody», de Ainslie Henderson (Reino Unido)

Menção Especial: «Pandy», de Matus Vizar (Eslováquia)

Premio Júri Junior para Melhor Filme de Fim de Estudos: «Nyuszi és Oz», de Peter Vacz (Hungria)

Outros prémios:

Prémio Unicef: «Because I’m a Girl»,de Raj Yagnik, Mary Matheson e Hamilton Shona (Reino Unido)

Prémio Fipresci: «Gloria Victoria», Theodore Ushev (Canada, ONF)

Menção Especial: «Feral», Daniel Sousa (EUA)

Prémio Festivals Connexion: Région Rhône-Alpes with Lumières Numériques:[/b] «Feral», de Daniel Sousa (EUA)

Prémio CANAL+ creative aid: «Autour du Lac», de Carl Roosens e Noémie Marsily (Bélgica)

Prémio do Filme mais Divertido votado pelo Público: «KJFG No 5», de Alexey Alekseev (Hungria).

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