"Pequeno Segredo", de David Schurmann, foi selecionado nesta segunda-feira como pré-candidato do Brasil para competir pelo Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, superando "Aquarius", que se transformou em símbolo de resistência ao governo de Michel Temer.

Na longa-metragem escolhida pelo Ministério da Cultura, o realizador conta uma parte da história da sua família, conhecida por viver viajando pelo mundo num veleiro. O filme mostra a chegada de Kat, uma menina órfã e portadora de HIV, que é adotada pelos Schurmann.

Entre os atores estão Júlia Lemmertz e Marcello Antony, bem conhecidos do público português.

Uma coprodução com a Nova Zelândia, "Pequeno Segredo" foi escolhido entre 15 filmes brasileiros, entre os quais se destacava "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, protagonizado por Sônia Braga.

Candidato à Palma de Ouro em Cannes, o filme teve destaque na imprensa internacional em maio, quando o realizador e o seu elenco mostraram na passadeira vermelha do festival cartazes que denunciavam um 'golpe de Estado' no Brasil.

Na mesma semana, a então presidente Dilma Rousseff era afastada pelo Senado, à espera do julgamento de destituição que chegou ao fim na semana passada.

A longa-metragem estreou no Brasil a 1 de setembro, exatamente um dia depois do 'impeachment' e transformou-se num símbolo do descontentamento da esquerda intelectual, que tem esgotado as salas de cinema e acompanha as projeções com aplausos e gritos de "Fora Temer!".

Outras polémicas, sobre a classificação do filme somente "para maiores de 18 anos" (depois modificada para maiores de 16) e sobre os membros da comissão que escolheria o representante para os Óscares, colocaram o trabalho de Kleber ainda mais em destaque no atual contexto político. Ao mesmo tempo, esse contexto, referem alguns analistas, tornava mais difícil que se tornasse o eleito.

Agora, para que o pré-candidato "Pequeno Segredo" volte a competir por um Óscar de Melhor Filme Estrangeiro após 18 anos de espera, terá de ficar entre os cinco nomeados que serão anunciados pela Academia a 24 de janeiro.

A cerimónia acontecerá no dia 26 de fevereiro em Los Angeles.

O último dos quatro filmes brasileiros a estar entre os finalistas nessa categoria foi "Central do Brasil" em 1999.

Depois disso, a maior participação do Brasil no Óscar foi em 2003, com "Cidade de Deus", que competiu em quatro categorias: melhor realização, argumento adaptado, fotografia e montagem, mas de forma polémica falhou a nomeação como melhor filme estrangeiro.

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