Após vários meses de atraso e polémica, o filme «Leviatã», do realizador Andrei Zviaguintsev, nomeado ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, finalmente estreou na Rússia, ainda que numa versão censurada.

O drama, que recebeu o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e o prémio de melhor argumento no Festival de Cannes em 2014, tinha data de estreia prevista para novembro, mas uma nova lei que proíbe palavrões nas obras com financiamento público - 30% do orçamento, no caso de «Leviatã» - provocou o atraso.

Os espectadores russos já podem assistir, em 650 salas do país, a uma versão censurada do filme, na qual o vernáculo dos personagens é marcado pelo silêncio.

A longa-metragem, proibida para menores de 18 anos, sobre uma família que luta por manter a sua casa numa cidade russa face a um Presidente da Câmara corrupto que procura expropriá-la, provocou uma forte controvérsia no país, onde o governo o acusou de prejudicar a imagem da Rússia e de falta de patriotismo.

O ministro russo da Cultura, Vladimir Medinski, autor da lei que proíbe os palavrões, atacou o realizador e a sua visão da Rússia numa entrevista ao jornal Izvestia no dia em que foi conhecida a nomeação do filme ao Óscar.

«Do que ele gosta? Das estatuetas douradas e dos tapetes vermelhos, isso é evidente», afirmou o responsável governamental, antes de completar: «Na sua ambição de sucesso internacional, o filme é oportunista de uma forma desproporcional».

Por sua vez, Kirill Frolov, que lidera o grupo «Associação de Especialista Ortodoxos», afirmou simplesmente: ««Leviatã» é maléfico e não há espaço para o mal no cinema». O porta-voz da Igreja Ortodoxa afinou pelo mesmo diapasão, chamando o filme de «anticristão».

Talvez por isso, o produtor do filme, Alexander Rodnianski, se tenha mostrado surpreendido com o número de salas de exibição: «Está em mais cinemas do que imaginávamos».

«Leviatã», que chegou ilegalmente à Internet antes da estreia, já terá sido visto por entre três e seis milhões de pessoas. A revista cultural russa de maior prestígio, «Afisha», considerou a obra «o maior filme russo da década, que provoca o debate de todos durante um mês, de ministros a trabalhadores rurais enfadados».

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