Subversivo, arrojado e provocador, «Capitão Falcão» é um filme português de corpo e alma, que promete fazer rir e não tomar o público por estúpido com uma versão (bastante) alternativa da história de Portugal e, cá para nós, bem mais divertida.

O tal Capitão Falcão (Gonçalo Waddington) é um super-herói fascista que tem como objetivo primordial defender os valores do Estado Novo e lutar contra esses vilões implacáveis que são os Capitães de Abril, que têm, aliás, umas fardas bem catitas e coloridas, bem ao estilo dos Power Rangers.

Pelo meio, ainda há lugar para um Salazar (José Pinto) muito simpático e divertido e o Puto Perdiz (David Chan), uma espécie de Robin que cumpre as suas tarefas de forma exemplar mas nem sempre em concordância com Batman, ou melhor, o Capitão Falcão.

O argumento bem construído resulta numa sátira ousada, com várias cenas politicamente incorretas que decerto renderão várias gargalhadas. Trata-se de um filme de super-heróis, mas não espere ver efeitos especiais espetaculares ou algo do género. Em vez disso, tudo se concentra no conteúdo das diferentes sequências e a mensagem passa na mesma.

Não se pode, no entanto, negligenciar o trabalho de fotografia, com alguns planos inspirados e a criação de uma estética visual divertida e bem pensada, a que se une uma inteligente banda sonora.

Outro aspeto a valorizar são as cenas de luta, que foram muito bem conseguidas, ora pela boa execução ora pelo humor que é criado.

Todavia, o filme não seria o que é se não fosse a interpretação inspirada de Gonçalo Waddington, que é, sem dúvida, um dos melhores atores portugueses da sua geração. Ele cria a personagem de uma forma única, numa entrega que é sobretudo visível em cenas como a de um interrogatório com muitos bolos à mistura.

Destaque ainda para José Pinto ou Rui Mendes, que enchem o ecrã com o seu talento. Além disso, há espaço para participações especiais e interessantes de vários atores portugueses.

«Capitão Falcão» torna-se um tanto ou nada longo demais, mas surpreende pelo seu carácter inusitado e a criação de uma narrativa bem humorada e inteligente. Não é uma obra-prima, mas é um filme português com certeza, cheio de alma lusitana.

E já que se trata de um filme de super-heróis, à semelhança de alguns colegas cheios de super-poderes também o “herói” Capitão Falcão tem direito a que o espectador fique até ao fim do filme, mesmo após os créditos...

3,5 em 5
TATIANA HENRIQUES


REVISTA METROPOLIS

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