A realizadora belga Chantal Akerman morreu esta segunda-feira em Paris aos 65 anos, deixando uma obra "incandescente, pioneira e nómada", revelou o jornal Le Monde.

A notícia da morte foi dada pelo produtor Patrick Quinet, mas não foram adiantadas as causas. Segundo a agência France Press, a realizadora sofria de perturbações maníaco-depressivas. A imprensa francesa afirma que se suicidou.

Autora de filmes como "Jeanne Dielman, 23, quai du commerce, 1080 Bruxelles" (1975), "Os Encontros de Anna" (1978), "Um Divã em Nova Iorque" (1996, um grande sucesso em Portugal), "A Cativa" (2000) e "A Loucura de Almayer " (2011), Chantal Akerman nasceu em Bruxelas em 1950 e iniciou carreira nos anos 1960; um percurso marcado pelo experimentalismo, pelo cruzamento entre ficção e documentário, pelas questões da memória, religião e condição feminina.

A obra da realizadora esteve em retrospetiva em 2012 na Cinemateca, no âmbito do DocLisboa. Este ano o festival estreará o mais recente filme de Chantal Akerman, o documentário "No home movie", sobre a mãe, sobrevivente do Holocausto.

O festival exibirá ainda o filme "I Don’t Belong Anywhere – Le Cinéma de Chantal Akerman", de Marianne Lambert, sobre a cineasta.

Em 2012, quando foi feita a retrospetiva em Lisboa, a Cinemateca escrevia que Chantal Akerman "é uma das grandes continuadoras do cinema moderno, conciliando pólos como a inventividade de Jean-Luc Godard, um dos cineastas que mais admira, a rudeza e pureza formal do trabalho de Michael Snow, e um interesse muito particular por questões de ordem narrativa".

"A sua obra atravessa múltiplos territórios para refletir conjuntamente sobre a sua vida e a sua história (e sobre a história do povo judaico), sobre a história dos excluídos e dos exilados, mas também sobre a história do cinema, e sobre o modo como este se relaciona com a realidade e com o seu espectador", afirmava a Cinemateca.