Charlie Sheen festejou 50 anos esta quinta-feira como uma estrela da indústria do entretenimento mais conhecida pelos excessos do que pelo seu talento.

Nem sempre foi assim: por breves instantes, o futuro do cinema americano parecia passar por si e Tom Cruise.

Foi em 1986: aos 23 anos, Cruise tornava-se uma estrela gigantesca com o sucesso "Top Gun - Ases Indomáveis", mas Sheen, ainda mais novo (21), estava no centro do mais polémico e depois aclamado e oscarizado "Platoon - Os Bravos do Pelotão" de Oliver Stone.

Logo de seguida, Stone chama-o para acompanhar Michael Douglas em "Wall Street" e John Sayles para "O Escândalo de Black Sox". Tinha tanto ou mais sucesso que o pai, Martin Sheen, nos anos 1970, enquanto Cruise fazia "Cocktail" e nos projetos mais "sérios" ainda era o secundário de Paul Newman e Dustin Hoffman em "A Cor do Dinheiro" ou "Encontro de Irmãos".

O terceiro filme em conjunto era para ser... "Nascido a 4 de Julho".

"Ele [Stone] disse-me que iríamos ter uma relação como [Martin] Scorsese e [Robert] De Niro", recordou Sheen numa entrevista à revista Playboy em 2001. "Ele disse que Al Pacino queria fazer o filme, De Niro também - toda a gente - e "eu vou dar-te este filme.""

Mas Oliver Stone não voltou a falar com Sheen e este só soube que perdeu o papel pelo irmão, Emilio Estevez, o que faz do filme de 1989 o momento crucial na carreira dos dois atores.

A história do Cinema regista que o papel do veterano da guerra do Vietname Ron Kovic foi determinante na respeitada e estratosférica carreira que Tom Cruise soube construir ao longo dos anos 1990 e que, com (poucos) momentos baixos, chegou aos nossos dias.

Charlie Sheen, por seu lado, permaneceu alguns anos em alta graças ao sucesso de "Jovens Pistoleiros", "O Ano Louco dos Índios" e "Ases pelos Ares" (este, curiosamente, uma paródia de... "Top Gun"), mas rapidamente foi atraído pelo dinheiro fácil de projetos que não faziam jus ao seu talento e o afastavam da primeira divisão de Hollywood a que ascendiam por exemplo Brad Pitt ou Will Smith.

Foram os anos dos excessos, regados a álcool e drogas, em que fazia a delícia dos tablóides por dar acidentalmente um tiro na noiva Kelly Preston,  namorar atrizes pornográficas ou envolver-se com agências de prostituição.

A televisão ressuscitou a carreira, primeiro ao substituir Michael J. Fox, com a doença de Parkinson, nas duas últimas temporadas de "Cidade Louca" (2000-02) e, logo de seguida, com "Dois Homens e Meio", cuja personagem, Charlie Harper, era feita à imagem de rebeldia do próprio ator.

O sucesso foi tal que Sheen se tornou a estrela mais bem paga da televisão americana, mas os excessos descontrolaram-se e conduziram ao seu despedimento e substituição por Ashton Kutcher... e muito públicas e bizarras explosões emocionais.

Ainda fez outra comédia para televisão, "Anger Management", mas sem o mesmo impacto, enquanto no cinema agora restam-lhe papéis de paródia.

O SAPO MAG recorda os momentos de Charlie Sheen que anunciavam uma carreira que não se chegou a cumprir.