Mariana Ximenes é conhecida dos espectadores das telenovelas de televisão.

Atualmente a viver a personagem Tancinha em “Sassaricando – Haja Coração”, a sua vinda a Lisboa, no entanto, prende-se a outros cenários: o gosto da atriz por cinema alternativo, que a leva a usar muito do seu prestígio para viabilizar ou valorizar projetos no limite entre a 'arthouse' e o universo 'indie'.

Numa conversa com o SAPO Mag, falou deste seu gosto por obras mais experimentais, dos filmes que a trazem à capital portuguesa (“Prova de Coragem” e “Quase Memória”) para apresentações no FESTin, o Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, e sobre a paixão por Portugal.

Você é muito conhecida na televisão, mas vem a Lisboa apresentar dois projetos de cinema alternativo...
Fiquei muito feliz com esse convite. É uma alegria ter esta oportunidade de mostrar um pouquinho do nosso cinema brasileiro em Portugal. Filmei aqui “O Grande Circo Místico”, com o Cacá Diegues, que ainda não foi lançado em Portugal. Foi um processo lindo estar em terras lusitanas para uma aventura cinematográfica. Tenho o sonho de trabalhar com algum realizador português.

Em "Prova de Coragem" tem uma personagem rica em conflitos para explorar... Imagino que tenha sido isto que a atraiu no projeto.
Em "Prova de Coragem", tive uma personagem bem forte. Adri era como um touro, intensa, obstinada. O filme fala sobre escolhas e que cada uma delas tem uma consequência. Na história, ela decide ter um filho, mas não quer abrir mão do processo criativo dela, do trabalho. Adri é artista plástica. E isso gera uma série de acontecimentos drásticos.

Já em "Quase Memória" trabalhou com um dos grandes do Cinema Novo brasileiro, Ruy Guerra. Como foi a experiência?
Quis trabalhar com o Ruy Guerra por ele ser parte da história cinematográfica brasileira, além de ser extremamente culto. Também me interessou muito trabalhar na obra do Carlos Heitor Cony, “Quase Memória”, um livro que gostei muito. Foi uma aventura. Ficar ao lado de Ruy é ter aula de cinema o tempo inteiro e, sobretudo, de vida.

"Quase Memória", tal como "O Uivo da Gaita", que fez com a Leandra Leal em 2013, são registos de cinema de autor muito vincados. O que atrai neste cinema 'arthouse'?
Gosto muito de processo. Os processos criativos atraem-me. Busca, experimentação. Sou atraída pela história e pelo convívio com mentes brilhantes e diferentes. É enriquecedor. Estou sempre a postos para aprender, trocar. No nosso ofício, a batalha nunca está vencida. E amo muito a arte de representar. Por isso também aceitei participar em "Uivo da Gaita", por exemplo. Pela ousadia e experimentação.

Já tem novos projetos para cinema?
Estou envolvida em um longa sobre a Princesa Isabel - agora começaremos a procurar parceiros em Portugal e na França para contar essa história fabulosa!

Como é a sua relação com Portugal? Já veio cá muitas vezes?
Sou apaixonada por Portugal. Tenho uma “irmã de coração” que mora aqui com três sobrinhos, além de ter filmado o filme do Cacá Diegues durante dois meses em Lisboa. Foi uma experiência incrível poder conhecer melhor, viver a cidade. Sempre fui muito bem recebida, tenho grandes amigos portugueses, amo a gastronomia, paisagens, poesia. Quando chego já vou logo comer frutos do mar frescos, pastel de Belém, tomar os vinhos portugueses, ler poesias do Fernando Pessoa e ouvir Carminho & Zambujo!