A empreitada do Cinema Batalha, no Porto, ficará concluída no final de julho, mas aquele equipamento cultural, cujos frescos de Júlio Pomar foram recuperados, só abrirá portas “no último trimestre de 2022”, adiantou hoje a autarquia.

Numa publicação na sua página oficial, a Câmara do Porto revela que a “empreitada geral” do Cinema Batalha só ficará concluída no final do mês de julho.

À empreitada seguir-se-ão “ensaios e vistorias necessárias”, estando previsto, no final de agosto, “proceder à receção provisória da empreitada”, e a partir daí “equipar o edifício” e prepará-lo para abrir portas “no último trimestre de 2022”.

“O decurso dos trabalhos conheceu algumas vicissitudes, já que o edifício apresentava uma maior degradação do que era esperada, fruto da sua não utilização, para além de algumas alterações ao projeto solicitadas pela Inspeção Geral das Atividades Culturais (IGAC)”, observa a autarquia, destacando também as “imprevisibilidades” relacionadas com o reforço de alguns elementos estruturais.

Em fevereiro, mês em que se previa a abertura daquele equipamento cultural ao público, a Câmara do Porto revelou que a mesma seria adiada para setembro devido a atrasos na obra de requalificação e falta de materiais, como vidro, alumínio, ferro e cobre.

Na publicação, a autarquia destaca também que a empreitada permitiu “pôr a descoberto” os frescos de Júlio Pomar, gravados em 1940 e, entretanto, “escondidos pela polícia política” do Estado Novo.

“Trata-se da redescoberta e devolução ao público de uma obra de arte de referência, a nível nacional, e de indiscutível interesse e valor patrimonial”, acrescenta.

De acordo com a Câmara, foi identificada a técnica para a remoção das várias camadas de tinta que cobriam os frescos (entre seis e oito) e para o destacamento das argamassas “através de um processo químico”.

Neste momento, estão a ser desenvolvidas “sondagens, por forma a verificar a existência, dimensão e estado da obra”, revela, acrescentando que, posteriormente, será definida a metodologia a aplicar no restauro, que se estima que demore cerca de cinco meses, ou seja, até outubro.

A descoberta dos frescos de Júlio Pomar foi já comunicada à Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), acrescenta o município.

O Tribunal de Contas (TdC) emitiu em outubro de 2019 o parecer positivo para a empreitada de reabilitação do Cinema Batalha, orçada em 3,95 milhões de euros, anunciou então a Câmara do Porto.

A empreitada, que teve início em 18 de novembro de 2019, foi adjudicada em junho à Teixeira, Pinto & Soares, S.A..

Para além de duas salas de projeção - a Sala Grande com 341 lugares e a Sala Estúdio com 126 lugares -, o Batalha terá um espaço de galeria dedicado às artes visuais, uma biblioteca especializada em cinema e ainda uma mediateca dedicada ao património fílmico da cidade do Porto.

O projeto, que está a cargo do arquiteto Alexandre Alves Costa e do Atelier 15 Arquitetura, contempla um bar, resultante da recuperação do antigo salão de chá e café e que estará equipado para exibições e performances.

Propriedade da empresa Neves & Pascaud, o imóvel foi sala de cinema entre 1947 e até 2000, ano em que foi encerrado. Manteve-se fechado até 2006, reabrindo como espaço cultural pelas mãos da Associação de Comerciantes do Porto (ACP).

No fim de dezembro de 2010, a ACP acabaria por entregar as chaves do edifício devido a "prejuízos mensais avultados".