A 14ª edição do maior evento de cinema documental em Portugal decorre 20 e 30 de outubro em espaços como a Culturgest, o Cinema São Jorge e a Cinemateca. O filme de abertura será o espanhol “Oleg and the Rare Arts”, de Andrés Duque.

Alguns dos destaques da vasta programação divulgada hoje em conferência de imprensa na sede da Culturgest encontram-se na secção Urgência, que destaca os últimos acontecimentos políticos do Brasil, a crise das emigrações sob a perspetiva dos movimentos de extrema-direita e, numa questão ainda não devidamente debatida em Portugal, a relação entre a procura por petróleo e o esgotamento dos recursos naturais do país.

Conforme explicou uma das diretoras do Doclisboa, Cíntia Gil,  as nove curtas-metragens reunidas na sessão “Fora Temer” vêm de uma reflexão sobre os novos acontecimentos no Brasil – com especial destaque para o papel da Mídia Ninja, um grupo de ação na internet que conseguiu obter mais visualizações que os media tradicionais ao retratar através de vídeos em direto os protestos de 2013.

'Achamos que seria interessante conhecer esse projeto e convidámos um dos seus realizadores a estar presente para um debate – até porque eles representam uma forma alternativa de jornalismo', assinalou.

Sob a mesma rubrica apresentam-se ainda dois temas controversos. “No Pasarán” traz cinco curtas-metragens, com predominância de projetos  da Europa Central, sobre a relação entre os fluxos migratórios e a aumento da popularidade da extrema-direita no continente. Por seu lado, a sessão “Falamos de Furos” trata da procura por petróleo em Portugal – cuja prática segue uma lógica particular ao esgotamento dos recursos do país.

Obras portuguesas

Entre os principais prémios do Doclisboa, 18 títulos competem na secção internacional, entre os quais um português, “Correspondências”, de Rita Azevedo Gomes, e 12 fazem parte do concurso nacional.

Já da secção Riscos, Cíntia Gil destacou “Manoel de Oliveira: 50 Anos de Carreira”, de Augusto Seabra e José Nascimento, outra obra lusitana de um Doclisboa que encerra, conforme anunciado há dias, com “Os Interstícios da Realidade ou o cinema de António Macedo”, de João Monteiro.

“Pedra e Cal”, de Catarina Alves Costa, é apresentado na mais nova secção do Doclisboa, Da Terra à Lua, um panorama sobre cinema mundial.

Retrospetivas

Outros destaques são o amplo panorama “Retrospetiva por um Cinema Impossível: Documentário e Vanguarda em Cuba”, uma mostra das obras de Peter Watkins e uma homenagem ao realizador Peter Hutton.

Já a secção traz obras como o francês “Bowie, Man with a Hundred Faces or The Phantom of Herouville”, “By Sidney Lumet”, sobre o realizador, o canadiano “I Am the Blues”, “David Lynch: The Art of Life” e uma média-metragem de Paul Thomas Anderson, “Junun”.

O Doc apresentará, além dos filmes, um amplo conjunto de atividades, que incluem debates, masterclasses, festas e traz ao evento um grande número de convidados.