Christopher Nolan, o indiscutível criador de sucessos de Hollywood cujas produções ambiciosas seduzem tanto a audiência quanto os seus seguidores, confirmou a sua preeminência artística no domingo ao triunfar com "Oppenheimer" nos Óscares.

"Não sabemos até onde esta jornada incrível vai daqui para frente. Mas saber que vocês acham que sou uma parte significativa dela significa muito para mim", disse o cineasta ao receber a estatueta.

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Este é o ponto alto de uma carreira que levou Nolan de jovem prodígio de produções artísticas como "Memento" a salvador de super-heróis (a trilogia "O Cavaleiro das Trevas"), passando também pela ficção científica ("A Origem", "Interestelar").

O realizador de 53 anos já esteve perto de faturar um Óscar no passado, sobretudo com o épico "Dunkirk" em 2017, mas foi no domingo que o cineasta anglo-americano se consagrou com "Oppenheimer", produção que dominou a noite com sete estatuetas.

Nascido em 1970, Nolan é filho de um editor publicitário britânico e de uma comissária de bordo americana.

Após ver "A Guerra nas Estrelas" e "2001: Odisseia no Espaço", aos sete anos de idade, rapidamente começou a fazer filmes na antiga câmara Super 8 do seu pai.

Com formação universitária em literatura inglesa na University College London, forjou uma parceria cinematográfica nesta instituição com a sua futura produtora e esposa, Emma Thomas, com quem se mudou para Los Angeles após se licenciar.

A fama veio aos 30 anos com "Memento", um filme policial vanguardista com uma narrativa não linear que se tornou a sua marca registada. Foi um sucesso em festivais e rendeu-lhe a sua primeira nomeação aos Óscares, em Melhor Argumento Original.

Sucessos de bilheteira

"Batman - O Início" (2005)

A sua grande estreia na realização com um filme de grande orçamento foi "Insónia" (2002), protagonizado por Al Pacino como um polícia de Los Angeles enviado ao Alasca para investigar um assassinato.

O sucesso da produção permitiu que Nolan propusesse a sua visão realista para os novos filmes do Batman que a Warner Bros estava a planear.

"Batman - O Início" deu origem a uma trilogia de produções dirigidas pelo cineasta, com Christian Bale no papel principal.

A sua sequela, "O Cavaleiro das Trevas", é frequentemente considerado o melhor filme de super-heróis já feito. Foi o primeiro a arrecadar mil milhões de dólares e o pioneiro a gerar um Óscar para uma atuação, a estatueta póstuma que foi para Heath Ledger como o vilão Joker.

Rodagem de "O Cavaleiro das Trevas" (2008)

O terceiro filme da saga, "O Cavaleiro das Trevas Renasce", recebeu menos elogios, mas tornou-se o maior sucesso comercial da sua carreira, que acumulou mais de seis mil milhões nas bilheteiras.

Neste meio tempo, Nolan lançou "O Terceiro Passo", um 'thriller' de época sobre o duelo entre dois mágicos, interpretados por Bale e Hugh Jackman.

"A Origem", uma produção ambiciosa em que Leonardo DiCaprio e Marion Cotillard saltam entre o mundos dos sonhos, consolidou a sua reputação como o único cineasta de Hollywood a comandar grandes orçamentos e ter total controlo criativo para filmes originais, e ainda assim gerar lucro.

O filme ganhou quatro estatuetas, incluindo uma pelos seus impressionantes efeitos visuais, e deu a Nolan a sua primeira nomeação individual desde "Memento".

"A Origem"

A sua produção original seguinte foi o filme de ficção científica "Interestelar', que ganhou outro Óscar de efeitos visuais e iniciou a sua colaboração com o estimado físico teórico Kip Thorne.

Posteriormente, o realizador olhou então para o passado com "Dunkirk", um relato contundente da retirada de centenas de milhares de soldados aliados de uma praia no norte da França durante a Segunda Guerra Mundial.

O filme deu-lhe a primeira nomeação para Melhor Realização, e a sua história da década de 1940 prenunciava "Oppenheimer".

A sua produção seguinte, "Tenet", outra ambiciosa longa-metragem de ficção científica, despertou-lhe o interesse pela destruição nuclear.

Mas foi a leitura de "American Prometheus", a biografia ganhadora do Pulitzer de 2005 sobre o pai da bomba atómica, J. Robert Oppenheimer, que o colocou no caminho rumo à glória dos Óscares.