No espetáculo "Movies In Concert", agendado para dia 27 de maio no Coliseu do Porto, a orquestra promete fazer uma viagem pelos bandas sonoras de grandes filmes como "Star Wars", "Indiana Jones", "Piratas das Caraíbas" ou "Harry Potter", entre outros.

Em palco estarão 50 músicos sob a direção do maestro Nuno de Sá. O SAPO Mag pediu ao maestro para percorrer o repertório da Lisbon Film Orchestra e explicar o que tem de tão especial cada uma das bandas sonoras que interpreta.

“Star Wars” – Compositor: John Williams

"É uma banda sonora que sempre me fascinou em termos de sonoridade e de força. Este ano passam 40 anos sobre o primeiro filme. Eu ainda não era nascido quando estreou, mas foi um filme que me marcou pela história e pelos conceitos. A banda sonora que iremos tocar este concerto será o tema principal, e é um tema que é difícil de interpretar porque requer alguma dedicação por parte dos músicos e uma grande força para que a música passe para o público.

Não me esqueço que a primeira vez que tocámos a marcha imperial, eu tinha um amigo na plateia que me disse “foi bom mas não consegui sentir o Darth Vader em palco”. E é mesmo preciso sentir que estamos a chegar a esse nível de interpretação, em que as pessoas consigam sentir as personagens em palco, consigam sentir o Lado Negro da Força quando tocamos a Marcha Imperial."

“O Senhor dos Anéis" - Compositor: Howard Shore

The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring /  O Senhor dos Anéis - A Irmandade do Anel (2001, Peter Jackson)

"A obra que tocamos tem vários excertos do primeiro filme. É uma banda sonora muito bem escrita e consegue imaginar muito bem a sonoridade dos hobbits a andar ou dos monstros nas lutas. Tem marcado muito o público e quando o público está a ouvir acaba por gostar.

A primeira vez que tocámos tivemos a parte cantada, com uma cantora em palco, que faz lembrar os créditos finais do filme, mas nunca mais o repetimos. É uma banda sonora que me marca pelas imagens e pelas sequências de tranquilidade em que sentimos realmente os cenários do filme."

“Piratas das Caraíbas” - Compositor: Hans Zimmer

Piratas das Caraíbas - A Maldição do Pérola Negra (2003)

"Os “Piratas das Caraíbas” geram uma reação no público que nós próprios não conseguimos explicar. A energia que a orquestra consegue transmitir e dar à música causa essa reação. Não sei explicar porquê, porque, enquanto maestro, olho para outras músicas que têm o mesmo impacto, poderiam causar a mesma reação, mas não conseguem. É engraçado ter as pessoas a gritar quando perceberam qual é a música ou quando temos um concerto sem os “Piratas” no alinhamento e temos as pessoas a pedir para tocarmos.

É quase uma imagem de marca da Lisbon Film Orchestra. Deve haver uma maneira de interpretar a música que faz com que as pessoas a destaquem de outras bandas sonoras ou de interpretações de outras orquestras que ouviram. É quase rock, no que diz respeito à intensidade e àquilo que provoca nas pessoas. Eu próprio também me envolvo mais porque sei que as pessoas vão estar a gostar e acabo por ter uma interpretação um pouco louca mas claro que poderá também ter que ver com a popularidade dos filmes e do Jack Sparrow."

Veja a Lisbon Film Orchestra a tocar o tema de "Piratas das Caraíbas":

"Indiana Jones" e "Harry Potter", entre outras, na página seguinte.

“Indiana Jones” - Compositor: John Williams

Indiana Jones e a Busca da Almofada Hemorróida

"É uma banda sonora que tem uma história para mim. A primeira vez que vi “Os Salteadores da Arca Perdida” tinha uns 7, 8 anos, devorei um pacote de bolhas inteiro porque estava muito nervoso a ver o filme. Acaba por me levar de volta à infância e que eu acabo por redescobrir cada vez que a toco, o que me dá imenso prazer porque há sempre uma ligação emocional àquilo que já fomos e ao nosso passado."

Veja a Lisbon Film Orchestra a tocar o tema de "Indiana Jones":

“Super-Homem” - Compositor: John Williams

Christopher Reeve

"Em termos musicais, a banda sonora do “Super-Homem” é muita parecida com a do Indiana Jones. A “Raiders March” e a “Superman March” são duas marchas muito parecidas a nível de estrutura, muito similares a nível sonoro mas acabam por ser muito diferentes nos filmes. É mais difícil tecnicamente do que interpretar o tema do “Indiana Jones” e é uma música que vai em crescendo."

"Regresso ao Futuro” - Compositor: Alan Silvestri

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"O “Regresso ao Futuro” é a minha trilogia de filmes preferida. Nos primeiros anos da Lisbon Film Orchestra nunca houve a possibilidade de a tocarmos e sempre foi a banda sonora de minha eleição para interpretar. Foi sempre um desafio, quis sempre encontrar a partitura e quis sempre que a Lisbon Film Orchestra a pudesse tocar.

É uma partitura incrivelmente difícil em termos de interpretação, para o maestro e para os músicos, mas acho que estamos cada vez mais a chegar à interpretação que eu acho que é a ideal, que corresponde mais à do filme. Todas as interpretações são pessoais, como qualquer obra de arte também precisamos de interiorizar a peça, de a conhecer bem e, de cada vez que tocamos, é completamente diferente. Cada vez que a interpreto é como estar a rever o meu filme preferido."

Veja a Lisbon Film Orchestra a tocar o tema de "Regresso ao Futuro":

“Harry Potter” - Compositor: John Williams

Harry Potter e o Cálice de Fogo

"O John Williams é um mestre no que diz respeito às sonoridades da orquestra. A maneira como ele compõe e como consegue transpor para a partitura todas as sonoridades é algo que é fruto de muita experiência e é realmente preciso ser um grande conhecedor para o fazer.

A partitura do “Harry Potter” é uma caixinha de surpresas: consegue trazer o mundo fantástico para os instrumentos e conseguimos perceber com a conjugação de instrumentos tão diferentes como é que a coisa é feita. É realmente incrível como consegue fazer transparecer a fantasia, a feitiçaria. É muito engraçado, às primeiras notas, ouvir as crianças a sussurrar na plateia qual é o nome do filme."

VEJA TAMBÉM: Lisbon Film Orchestra: "Star Wars", "Indiana Jones" ou "Piratas", todos juntos no mesmo concerto

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