Um casal e um cortador de relva. Nos dias difíceis em que a metadona pode ou não aliviar o processo de desintoxicação, eles testam os limites dos serviços sociais enquanto cortam relva aqui e ali. Enquanto não se cansam de um duro processo físico, enquanto a própria máquina não os abandona. Vivem numa roulotte, andam sujos.

Mas os processos não são iguais para Vanessa (Bhreagh MacNeil) e Blaise (Andrew Gillis). Em algum momento ela parece agarrar-se aos fiapos do momento presente – com o cabelo preso na loja dos gelados. Blaise continua a tremer e a arrastar-se como um “zombie” – com ideação suicida suspensa sobre a sua cabeça nesta espécie de versão canadiana para “Oslo 31 de Agosto”.

O filme norueguês trazia uma reconciliação impossível com o mundo tornado insuportavelmente vazio depois do abandono da droga; em “Werewolf” a ligação com a realidade, num lugar vagamente indistinto e num tempo onde a cronologia parece já não existir, é mais ténue.

Primeiro filme de Ashley MacKenzie, que recebeu prémios no seu país e mereceu exibições em Toronto e na seção Panorama da Berinale, baseia-se numa história real de um casal de cortadores de relva da cidade da cineasta, Cape Breton, na Nova Escócia.

Vómitos e desmaios

Os produtores de peças de teatro de terror dos anos 20, mais tarde copiados pelos homens do cinema, gostavam muito de um artifício de “marketing” que consistia em pôr uma ambulância à frente da sala de espectáculos para o caso de alguém não resistir as terríveis experiências que iria viver. E havia, sim, desmaios – que também ocorreram em “O Exorcista” – que, por seu lado, trazia o vómito verde de Linda Blair a assombrar os incautos.

Muitos anos depois e na boa tradição do “extreme horror” de tradição francesa (“Martyrs”, “L’Intérieur”), a realizadora Julia Ducournau parece desafiar a ideia de que hoje em dia já nada pode “chocar” além das galinhas: “Grave” tem uma “excelente” carreira publicitária depois de ter arrancado vómitos e desmaios genuínos em públicos como os do Festival de Toronto. Claro que pode se tratar de uma malta que nunca foi ao Motelx.

A história de uma adolescente vegetariana submetida a uma praxe que a leva ao canibalismo é a estrela sangrenta da secção Boca do Inferno, depois de vencer o FIPRESCI na Semana da Crítica do ano passado do Festival de Cannes e tem recolhido elogios.

Engula as suas perguntas

Já no IndieMusic o destaque vai para “Eat Your Questions – Frank Zapa in His Own Words”, de Thorsten Schütte onde, como o título indica, o lendário guitarrista analisa a sua carreira.

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