Segundo adiantou à agência Lusa fonte da organização do festival – cuja cerimónia de entrega de prémios decorre esta noite no Teatro Rivoli, no Porto -, o júri atribuiu ainda uma menção honrosa ao filme "Les Sauteurs", correalizado por Abou Bakar Sidibé, Estephan Wagner e Moritz Siebert, e o Prémio Biberstein Gusmão (para autores emergentes com menos de 36 anos) a Abou Bakar Sidibé.

O documentário "Eldorado XXI" é a segunda longa-metragem documental de Salomé Lamas e teve a sua estreia nacional no Porto/Post/Doc, depois da estreia mundial na Berlinale e de ter passado já por diversos festivais, como o New Directors New Films (EUA), Viennale (Áustria) ou Mostra de São Paulo (Brasil).

Descrito pela organização do certame como “uma assombrosa e misteriosa parcela da realidade etnográfica”, ‘Eldorado XXI’ conta como “a comunidade instalada em maior altitude no mundo - La Rinconada y Cerro Lunar (5.500 metros), nos Andes peruanos - funciona, antes de tudo, como um lugar difícil onde homens e mulheres vão testar, contra os elementos da natureza e contra o seu próprio desespero, um último plano de fuga às diversas formas de miséria a que parecem condenados”.

“Em vez de confinar o filme à beleza misteriosa das imagens, Salomé Lamas deu primazia às histórias, contadas de viva voz. Em La Rinconada há mais vítimas de facadas e tiros do que de acidentes laborais, embora estes sejam abundantes. Não admira que o filme fale tanto do trabalho duro e particular dos mineiros, como da dureza, a seu modo universal, daquela vida. Desta vida”, refere.

Natural de Lisboa, onde nasceu em 1987, Salomé Lamas estudou cinema em Lisboa e Praga, artes visuais em Amesterdão e é doutoranda em estudos fílmicos na Universidade de Coimbra.

A sua primeira longa-metragem de documentário foi ‘Terra de Ninguém (2012), que estreou internacionalmente na Berlinale e foi lançada nos cinemas e em DVD em Portugal, França e Espanha. Realizou ainda os filmes "Eldorado XXI" (2016) e "extinção" (2016), este último atualmente em fase de finalização.

Quanto ao filme ‘Les Sauteurs’, que conquistou uma menção honrosa, relata "a vivência diária no monte Gourougou, uma zona de fronteira terrestre entre Marrocos e a cidade espanhola de Melilla ocupada por migrantes africanos que querem fugir para a Europa".

O júri oficial do Porto/Post/Doc foi constituído por Cornelia Lund (teórica e curadora de arte e media), Isabel Capeloa Gil (reitora da Universidade Católica Portuguesa), Leonor Teles (realizadora) e Joana Pimenta (artista visual).

Já o júri da competição "School Trip", dedicada a filmes universitários, atribuiu o prémio para o melhor filme a "Vandoma" (2015), de Bernardo Bordalo, Bruno Lança e Rui Oliveira, da Universidade Católica Portuguesa, um documentário de 12 minutos que “faz um retrato da Feira da Vandoma, uma das mais conhecidas e características da cidade do Porto, que transitou recentemente das Fontainhas para a Avenida 25 de Abril”.

A 3.ª edição do Porto/Post/Doc - Festival Internacional de Cinema prossegue até domingo no Rivoli, Passos Manuel e Maus Hábitos, tendo este ano a programação do certame integrado cerca de 100 filmes de 31 países e quatro continentes, dos quais 41 foram longas-metragens e 44 curtas-metragens.

O festival, que conta com a presença de cerca de 200 convidados nacionais e internacionais, entre realizadores, produtores, diretores de outros festivais e jornalistas, apresentou três filmes em estreia mundial, outros tantos em estreia europeia e 39 em estreia nacional.

Esta noite, após a cerimónia de entrega de prémios, será apresentado o documentário ‘Bowie, O Homem dos Cem Rostos ou o Fantasma de Hérouville’, de Gaetan Chataigner e Christophe Conte, numa homenagem ao cantor, que morreu a 10 de janeiro.

Já agendada está a edição de 2017 do Porto/Post/Doc, de 29 de novembro a 3 de dezembro, com direção de Dario Oliveira, Daniel Ribas e Sérgio Gomes.