Estreado há apenas um mês atrás, no âmbito do Doclisboa, o documentário "Como se não existisse nada", sobre a história do ceramista Querubim Lapa e da mulher Susana Barros, foi produzido pelo jornal Público após um trabalho de sete meses de Sibila Lind, recentemente distinguida com o Prémio Gazeta 2015 na categoria de Revelação, atribuído pelo Clube de Jornalistas.

O filme conta a história da relação entre o casal, que se conheceu quando ele tinha 53 anos e ela 17, enquanto professor e aluna, e como se tornou na principal fonte de inspiração do artista plástico.

Querubim Lapa, que morreu em maio aos 90 anos, foi um artista multidisciplinar que se destacou como um dos principais ceramistas portugueses, sendo autor de painéis de azulejo localizados em vários espaços públicos da capital portuguesa.

Os trabalhos podem ser vistos na pastelaria Mexicana, na reitoria da Universidade Lisboa, na Avenida 24 de Julho, na estação Bela Vista do Metropolitano de Lisboa e no Banco de Portugal, pelo qual ganhou o prémio de azulejaria da Câmara Municipal de Lisboa.

A 10 de junho de 2015, foi condecorado como Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago de Espada.

O documentário vai ser exibido pela primeira vez no estrangeiro, em Londres, numa sessão que terá a presença da realizadora e da própria Susana Barros.

A projeção acontece por iniciativa da designer portuguesa Inês Marques e da "vontade de mostrar arte e cultura portuguesa" na capital britânica.

"Fui colega da Sibilia [na Faculdade de Belas Artes de Lisboa] e conheço o seu trabalho e acho interessante a forma como combina a arte e o cinema. Além disso, fui aluna na escola António Arroio, onde o Querubim Lapa era um professor mítico", disse a organizadora à agência Lusa.

A oportunidade de promover este evento surgiu do seu envolvimento com o cinema Rio, um cinema independente em Dalston, no este de Londres, onde trabalha no atendimento ao público há cerca de ano e meio.

"O cinema tem tradição de acolher eventos da comunidade local, como a turca, que tem um festival de cinema anual, mas também de outras minorias, como a LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais] e incentivam os empregados a promover iniciativas", explicou.

A sessão, que decorre no sábado 26 de novembro, às 11:30, destina-se tanto a outros portugueses que queiram conhecer o cinema contemporâneo português, como ceramistas ou cinéfilos locais, já que o filme terá legendas em inglês.

"A sessão de perguntas e respostas vai permitir conhecer a história por detrás do filme. A Sibila viveu durante sete meses com o Querubim e a Susana e foi acarinhada como uma filha", revelou.

Há cerca de dois anos em Londres, onde recentemente concluiu um mestrado, Inês Marques pretende continuar a promover iniciativas para promover a cultura portuguesa em Londres.

Em 2017, adiantou, pretende realizar um festival de cinema de autores de língua portuguesa.