A Arábia Saudita pediu à Disney para eliminar as "referências LGBTQ" de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", o próximo filme de super-heróis da Marvel, antes da sua estreia no país, explicou à France-Presse um responsável do governo.

Segundo Nawaf Alsabhan, supervisor responsável pela classificação etária dos filmes na Arábia Saudita, a Disney rejeitou até agora a editar "cerca de 12 segundos" do filme - cuja estreia está prevista para o início de maio - nos quais uma personagem lésbica, America Chavez, fala sobre as suas "duas mães".

"É apenas ela a falar das suas mães, porque tem duas, mas no Médio Oriente é muito difícil passar algo assim", esclareceu.

"Enviámos o pedido à distribuidora, que nos encaminhou para a Disney, mas esta não está disponível" para fazer as alterações propostas, acrescentou Alsabhan, que negou as informações de que o filme seria proibido.

"Não foi proibido. Nunca será proibido. Não há motivos. É apenas uma simples edição [...] até agora negaram-se, mas não fechamos a porta, continuamos a tentar", disse.

Questionado esta segunda-feira sobre a polémica, um funcionário da empresa de salas de cinema AMC Cinemas no país disse que o filme tinha sido "retirado" do catálogo de exibição.

Como parte do programa de reformas deste país ultra-conservador, o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman levantou a proibição dos cinemas, em vigor há décadas, em 2017.

Desde então, a venda de bilhetes de cinema explodiu no país, com um aumento de 95% em 2021 em relação ao ano anterior, segundo a revista Variety.

A homossexualidade na Arábia Saudita, um país cujo sistema Judiciário é regido por uma aplicação rígida da lei islâmica, pode chegar a ser punida com pena de morte.

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