Seis meses depois da morte de David Bowie, a Cinemateca recorda a filmografia associada ao músico inglês, pela participação enquanto ator, secundário e principal, compositor que contribuiu para a banda sonora e figura influente na própria narrativa cinematográfica.

"Digamos então que evocar David Bowie no cinema, David Bowie para quem o cinema foi, além de um dos 'terrenos', uma referência importante (...), é programar filmes em que foi ator, filmes que viveram da sua presença, filmes em que as suas canções ocuparam um lugar importante", escreve a Cinemateca na programação.

O ciclo "Absolutamente Bowie" contará com cerca de vinte filmes, a exibir ao longo de julho, entre os quais a curta-metragem "The image" (1967), de Michael Armstrong, que revela a primeira participação de David Bowie no cinema.

A abertura dá-se na sexta-feira com "Absolute beginners" (1987), de Julien Temple, e que inclui o tema que se tornou num dos êxitos de David Bowie e que foi composto para este filme.

"Ao contrário da canção de Bowie, e do reconhecimento da sua boa prestação como ator, [o filme] não foi um grande sucesso, mas o tempo deu‑lhe um estatuto especial", lê-se na programação.

Entre os filmes escolhidos estão, por exemplo, "Feliz natal, Mr. Lawrence" (1982), de Nagisa Oshima, no qual David Bowie contracenou com o pianista Ryuichi Sakamoto, e "Io e te" (2012), de Bernardo Bertolucci, que inclui uma versão italiana da música "Space oddity", gravada por Bowie em 1970.

Há ainda "Basquiat" (1996), de Julian Schnabel, no qual David Bowie faz de Andy Warhol, mentor do artista plástico biografado - Jean-Michel Basquiat -, e ainda "A última tentação de Cristo" (1988), de Martin Scorsese, onde o músico surge como Pilatos.

A Cinemateca incluiu ainda "Ziggy Stardust and the spiders from Mars" (1979), de Donn Alan Pennebaker, que regista um concerto de David Bowie em Londres e anunciado na altura como o último em que assumiria a figura "Ziggy Stardust".

David Bowie morreu a 10 de janeiro em Nova Iorque, vítima de cancro, dias depois de ter lançado o álbum "Blackstar" e de ter celebrado 69 anos. Só depois se soube, mas este derradeiro disco foi gravado e preparado quando David Bowie já estava doente.

Em janeiro, a propósito da morte de Bowie e da gravação de "Blackstar", o produtor Tony Visconti afirmou: "A morte dele não foi diferente da vida: uma obra de arte".