O ciclo de cinema começa na quarta-feira, às 19:00, com a projeção do filme de 2015 “A Academia das Musas”, do realizador espanhol José Luís Guerin, que abre o primeiro capítulo, (Re)Definições do Feminino, e inclui também os filmes “Asas”, de Larisa Shepitko, e “Minha mãe”, de Christophe Honoré.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador e responsável pela programação adiantou que o grande objetivo é que todas as pessoas possam ficar mais esclarecidas e mais conscientes relativamente às questões de género.

“O objetivo é por as pessoas a pensar, é pô-las em contacto com os filmes, em contacto com novas perspetivas e fazer com que elas construam a sua própria perspetiva. A ideia é gerar conversa, ideias, perspetivas e posicionamentos, esse é o grande objetivo”, apontou Bruno Marques.

Para o responsável, o género e a identidade são temas sobre os quais é fundamental estar a par para conseguir tomar uma posição tanto do ponto de vista ético, como humano ou político.

De quinze em quinze dias, sempre às quarta-feiras, o cinema Nimas exibe obras, algumas clássicas, outras contemporâneas, que “funcionam como exemplos transgressores em relação aos códigos e costumes dominantes nas suas épocas”, tal como se lê na nota de imprensa.

Depois do primeiro capítulo, o segundo, entre 29 de março e 26 de abril, é dedicado à “Subjugação e Violência”, enquanto o terceiro, agendado para 10 de maio a 07 de junho, será sobre “Women Power”, e o quarto, a decorrer entre 21 de junho e 19 de julho, será sobre “Queer e Transgénero”.

Bruno Marques explicou que a ideia de criação deste ciclo de cinema nasceu do facto de ter ganhado uma bolsa pós-doutoramento no Instituto de História da Arte, com um projeto de investigação sobre género e políticas de sexualidade na arte contemporânea portuguesa, ao mesmo tempo que coordena o núcleo de estudos sobre fotografia e cinema.

“Percebi que o cinema é território privilegiado onde se estão a fazer os principais pensamentos relativamente às definições clássicas do género e todas as temáticas que estão relacionadas”, adiantou.

Bruno Marques disse, por isso, ter achado que seria interessante “chamar à fogueira” as pessoas que de alguma forma têm pensado e questionado os dilemas identitários do coletivo e pessoal, as referências identitárias ou questões comportamentais.

“Pareceu-me interessante fazer um ciclo de cinema com listas de filmes em que eles próprios já questionam ou levantam uma série de problemas das próprias definições e fixações de género”, disse o responsável.

Acrescentou que não fazia sentido que o ciclo fosse só de exibição de filmes, entendendo que esta era também uma boa oportunidade para “aproveitar as exibições para parar um bocadinho e pensar sobre os filmes”.

“Depois de cada sessão há sempre um debate entre duas pessoas, tendencialmente uma das pessoas é do mundo do cinema, pode ser um crítico, um estudioso do cinema, realizador, ator, e do outro lado temos alguém das ciências sociais e humanas, preferencialmente pessoas que tocam os temas dos estudo de género”, adiantou Bruno Marques.

Paralelamente, convidaram académicos e estudiosos a apresentar artigos exploratórios, com vista a “fazer o ponto da situação relativamente ao que está a ser investigado em Portugal nesta área de relação entre o cinema e estudos de género”.

Marques disse ainda que está prevista a publicação dos artigos apresentados, para pensar a relação entre o cinema e a identidade de género.