O ator Donald Sutherland, a realizadora Agnès Varda, o realizador e argumentista Charles Burnett e o diretor de fotografia Owen Roizman foram homenageados com Óscares honorários, na cerimónia dos Governors Awards que se realizou no sábado à noite em Los Angeles. O realizador Alejandro González Iñárritu também recebeu um Óscar especial.

Estes prémios são atribuídos para "honrar uma distinção extraordinária ao longo de uma carreira, contribuições excepcionais para o estado das artes e ciências cinematográficas, ou por serviços relevantes prestados à Academia".  Tradicionalmente entregues durante a própria cerimónia de entrega dos Óscares, desde 2009 que se realizam alguns meses antes, numa cerimónia particular que apesar de não ser transmitida pela televisão, conta com a presença de muitas estrelas, nomeadamente aquelas que precisam ter mais visibilidade pois dentro de alguns meses podem estar na corrida aos prémios.

Os Governors Awards começaram com uma introdução do presidente da Academia John Bailey e de Steven Spielberg e os presentes no Dolby Ballroom mantiveram-se longe dos escândalos sexuais em que Hollywood está mergulhada há mais de um mês, optando por celebrar os feitos artísticos dos homenageados como uma forma de destacar o melhor da indústria.

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Donald Sutherland, de 82 anos, que recebeu o Óscar das mãos de Jennifer Lawrence após homenagens de Ron Meyer, o seu antigo agente a atual vice-presidente da estação NBC, e dos atores Colin Farrell e Whoopi Goldberg, é um dos mais célebres e elogiados atores da sua geração, presença recorrente e fundamental no cinema desde os anos 60. Entre os seus trabalhos mais memoráveis contam-se filmes como "Doze Indomáveis Patifes" (1967), "MASH" (1970), "Heróis por Conta Própria" (1970), "Klute" (1971), "Aquele Inverno em Veneza" (1973), "Casanova de Fellini" (1976), "1900" (1976), "Gente Vulgar" (1980), "Assassinato Sob Custódia" (1989), "JFK" (1991) e o franchise "Os Jogos da Fome" (2012-2015). É considerado um dos melhores atores de sempre a nunca ter sido nomeado a um Óscar em competição.

Agnès Varda, de 89 anos, é considerada uma das mais importantes realizadoras vivas, "compagnon de route" da Nouvelle Vague francesa, cujo filme de estreia, "La Pointe Courte" (1955), antecipava o movimento. O seu olhar sobre a realidade tornou-se uma referência no cinema, sempre inspiradora em várias épocas graças a filmes como "Duas Horas da Vida de Uma Mulher" (1962), "Sem Eira Nem Beira" (1984), "Jacquot de Nantes" (1990), "Os Respigadores e a Respigadora" (2000) e o recente "Visages, Villages" (2017), ovacionado no último Festival de Cannes.  O prémio foi-lhe entregue por Angelina Jolie, com quem dançou após o seu discurso. Na apresentação estiveram ainda as realizadores Kimberly Peirce e Kate Amend, além de Jessica Chastain.

Após as apresentações dos realizadores Reginald Hudlin e Sean Baker, e dos atores Chadwick Boseman e Tessa Thompson, a também cineasta Ava DuVernay entregou o Óscar a Charles Burnett, de 73 anos, uma referência no cinema sobre a realidade afro-americana, cujos filmes, muito elogiados, têm escassa divulgação fora dos EUA. Entre as suas obras mais relevantes contam-se "My Brother's Wedding" (1983), "To Sleep with Anger" (1990), "The Glass Shield" (1994) e "Namibia: The Struggle for Liberation" (2007). Além de realizador (de ficção e documentários), é também argumentista, produtor, ocasional ator e montador.

De Lawrence Kasdan, realizador com quem trabalhou várias vezes, Dustin Hoffman e do colega Daryn Okada chegou o prémio para Owen Roizman, de 81 anos, um importante diretor de fotografia americano, nomeado ao Óscar cinco vezes, por "Os Incorruptíveis Contra a Droga" (1971), "O Exorcista" (1973), "Network - Escândalo na TV " (1976),  "Tootsie" (1982) e "Wyatt Earp" (1994), além de ter feito brilhar fitas como "Os Três Dias do Condor" (1975), "O Cowboy Eléctrico" (1979) ou "O Clarim da Revolta" (1981).

O realizador Alejandro González Iñárritu já ganhou prémios por "Birdman" em 2015 e  "The Revenant" no ano seguinte, mas a Academia entregou-lhe um Óscar especial por "Carne y Arena", a sua instalação de realidade virtual sobre o sofrimento dos emigrantes, descrita pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas como uma "experiência narrativa visionária e poderosa".