O foco da 37.ª edição do festival internacional de cinema do Porto Fantasporto será “o cinema dos nossos tempos”, com retrospetivas sobre o cinema fantástico argentino e o oriental, foi hoje anunciado.

“O tema deste ano é o cinema dos nossos tempos, porque tanto na área fantástica como na área generalista temos filmes que retratam a história dos nossos tempos, nomeadamente dos conflitos”, realçou a diretora do evento, Beatriz Pacheco Pereira, na conferência de apresentação do festival, que decorre de 20 de fevereiro a 5 de março no Teatro Municipal Rivoli.

Descrito pelos organizadores como “um festival generalista com dois focos, o cinema fantástico e o oriental”, o certame inclui este ano 132 filmes de 35 países diferentes.

Os constrangimentos financeiros, explicou Mário Dorminsky, têm condicionado a organização, que conta com “5% dos patrocínios que recebia há 10 anos” e que tem “complementado o orçamento”, que ronda os 240 mil euros, com a venda de vários imóveis na posse da Cinema Novo, que organiza o certame.

“O Fantasporto tem-se realizado nos últimos cinco anos em condições financeiras que só o investimento da nossa parte é que tem garantido o evento”, acrescentou.

Quanto ao apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), assegurado até 2017, os organizadores garantiram nova apresentação a concurso, agendado para março.

Mário Dorminsky confirmou ainda que os problemas de saúde que o têm afetado levam a “uma posição um bocado mais solta” dentro da organização, com “mais calma e a mesma paixão”.

O diretor e fundador do festival foi hospitalizado a 23 de fevereiro de 2016 na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC).

A secção de competição, que em 2016 consagrou “The Lure”, da polaca Agnieszka Smoczynska, abre com o filme “The Age of Shadows”, de Jee-woon Kim, que foi indicado pela Coreia do Sul para representar o país nos Óscares.

Na secção de competição marcam presença três filmes portugueses, todos em antestreia mundial: “A Floresta das Almas Perdidas”, “Comboio de Sal e Açúcar” e “A Ilha dos Cães”, o último trabalho em cinema do ator Nicolau Breyner, homenageado na edição anterior.

De acordo com a organização, estreia ainda a longa-metragem “Rewind”, uma produção suíça do português Pedro Joaquim, e o Prémio de Cinema Português “vai novamente escolher o melhor filme e a melhor escola de cinema” de entre nove instituições nacionais.

O festival escolheu ainda para retrospetiva o cinema de artes marciais de Taiwan e o cinema fantástico argentino, que “já tem tido muito peso no festival”, destacou Beatriz Pacheco Pereira.

O Prémio Carreira do Fantasporto vai, em 2017, para o cineasta holandês Ate de Jong, que já esteve no festival em 2016, e serão exibidos os filmes “Drop Dead Fred”, de 1991, bem como o novo filme “Love is Thicker Than Water”.

No Comité de Honra do evento, que inclui cerca de 30 personalidades da política e cultura nacional, estão incluídos o antigo Presidente da República Mário Soares, que morreu no sábado, bem como o antigo presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, falecido na madrugada de domingo.