"Amigos Amigos, Telemóveis à Parte" tem a sua antestreia nacional este sábado.

O título original, “Perfetti Sconosciuti” [Perfeitos Desconhecidos] remete para uma ideia simples mas repleta de possibilidades: e se, de repente, um grupo de velhos amigos reunidos num jantar pusesse o seu telemóvel em cima da mesa de forma a que os outros tivessem acesso a todas as mensagens e telefonemas durante um certo período?

Pode ser um passatempo divertido… ou a receita do mais completo caos.

O realizador Paolo Genovese, bem-sucedido em termos de público e crítica no seu país, teve há quatro anos exibido por cá o igualmente entusiasmante “Una Famiglia Perfetta”, com ponto de partida e estrutura semelhante – embora num registo mais cómico.

Através da construção de personagens, direção de atores e diálogos, Genovese vai mantendo a tensão no pico enquanto vai desconstruindo toda a hipocrisia (necessária…?) dos laços afetivos e sociais que unem instituições como a família, no primeiro caso, ou simplesmente um grupo de amigos aqui.

Ajuda ter um naipe de atores da 'primeira liga' italiana: Valerio Mastrandea, Edoardo Leo, Alba Rohrwacher, Marco Giallini, Anna Foglietta, Giuseppe Batiston, Kasia Smutniak...

O título nacional, por seu lado, nivela a inteligência e a acutilância do filme por baixo ao associá-lo a comédias formulaicas que normalmente se escondem por trás destas denominações 'engraçadas'.

Por portas travessas, no entanto, pode funcionar para atrair um público, ainda que desavisado, que este filme merece – pois dificilmente vai dececionar qualquer que seja o perfil do espectador, tanto mais que entre as várias distinções recebidas estão o Prémio do Júri no Festival de Tribeca (Nova Iorque), e as de Melhor Filme e Melhor Argumento nos 'Óscares italianos', os David di Donatello.

Jeovás e delinquentes…

Na Competição, o estreante Marco Danieli apresenta “La Ragazza del Mondo”, um drama que mergulha numa família profundamente religiosa e afilhados aos Testemunhas de Jeová.

No centro da história está Giulia (Sara Serraiocco), uma jovem inteligente e brilhante em Matemática que, no entanto, vive sob estreita vigilância dos seus pares familiares e crentes. Nada poderia ser mais oposto de Libero (Michele Riondino), sem emprego e acabado de sair da prisão por tráfico de drogas.

Parece uma relação impossível mas, muito melhor do que meramente explorar os dois extremos, Danieli extrai faíscas de um intimismo intenso onde os julgamentos morais, de ambos os lados, estão ausentes.

Filosofias e zumbidos…

Na mesma secção, “Orecchie” [orelha em italiano], de Alessandro Aronadio, conta a história de um desempregado (Daniele Parisi) que acorda com um zumbido persistente no ouvido. Na porta do frigorífico, um bilhete da namorada: “Teu amigo Luigi morreu. Levei o carro”.

É o início de um dia surreal, com situações bizarras e repleto de personagens que parecem ostentar 'um parafuso a menos'. Mais do que estranheza, no entanto, eles vão levar o protagonista, formado em Filosofia, a ver a sua vida sob uma perspetiva diferente.

Nas retrospetivas é dia de dois clássicos – “Alegro non Troppo”, de Bruno Bozzeto (1976), e “Poveri ma Belli” ("Os Galãs do Bairro"), de Dino Risi.

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