Promovida pela Associação Cultural Periferias, a quarta edição do certame vai decorrer em Marvão, no distrito de Portalegre, e Valencia de Alcántara, na província espanhola de Cáceres, onde serão apresentadas obras de realizadores dos dois países vizinhos.

Os direitos humanos, nas múltiplas vertentes que assumem, "constituem o tema de fundo" do festival deste ano, que conta com a participação de uma delegação da Amnistia Internacional de Portugal.

A abordagem ao tema, segundo os promotores, "será feita quer através da exibição de filmes, onde se retratam problemáticas tão atuais como a guerra na Síria, a crise dos refugiados e os múltiplos conflitos étnicos e religiosos, quer através de momentos de reflexão e debate, na sequência da visualização das películas".

“O festival tem sempre presente a causa social e este tema dos direitos humanos é atual, está presente e é factual. Por isso, queremos desmistificar as questões das fronteiras e os problemas que existem hoje em dia com esta temática”, disse à agência Lusa a diretora do festival, Paula Giraldo.

Durante seis dias, o festival marca presença junto das populações desta região raiana, levando o cinema a vilas, aldeias e povoados, e "promovendo o contacto com todas as camadas etárias, desde os mais jovens aos mais idosos", referiu.

“Escolhemos vários locais emblemáticos e de interesse patrimonial destas duas regiões para exibirmos as películas. Ao todo, vamos exibir 35 filmes na edição deste ano”, acrescentou.

Um dos principais momentos do evento vai decorrer no dia de abertura, no edifício da alfândega, na zona de fronteira entre Marvão e Valencia de Alcántara, com a estreia, a nível nacional, da obra "Contrabando", do realizador Paulo Vinhas.

A organização do festival divulgou ainda que o realizador Sérgio Trefaut, galardoado com o "Tréblinka", com a melhor longa-metragem portuguesa na edição deste ano do Indie Lisboa, também vai marcar presença.

De Espanha está prevista a participação, entre outros, dos realizadores Sílvia Venegas, Edu Marín, Olivier Algora, Paco Espada e María Pérez.

“As expectativas para a edição deste ano do festival são altas, porque em 2015 tivemos muitos visitantes e, agora, temos como objetivo chegar a todos os locais, situação que, felizmente, está a ser bem recebida pelas pessoas”, disse.

Destacando que o festival está a ter “muito impacto” em Espanha, Paula Giraldo considerou que este projeto transfronteiriço "está a captar o interesse de diversas entidades públicas dos dois lados da fronteira".

De acordo com a organização, a consolidação do projeto passa, igualmente, pelo estabelecimento de parcerias com outros festivais, como é o caso do Festival de Curtas de Vila do Conde, o Festival de Cine Ibérico de Badajoz (Espanha) e o Festival de Cinema Africano de Tarifa - Tanger (Espanha).

À margem da sétima arte, o programa do Festival Internacional de Cinema de Marvão e Valencia de Alcántara vai contar com exposições, concertos, oficinas artísticas, palestras e debates.