Patti Davis, filha de Ronald Reagan, criticou duramente Will Ferrell por interpretar o antigo presidente dos Estados Unidos numa comédia que parece lidar com a doença de Alzheimer.

"Talvez gostasse de explicar-lhes [aos que têm demência] como é que esta doença é material apropriada para uma comédia", comentou Davis no seu blogue, dirigindo diretamente ao ator em carta aberta.

O projeto em questão é a comédia satírica "Reagan", que começa no início do segundo mandato, quando a personagem de Reagan começa sofrer de Alzheimer e é convencida por um ambicioso estagiário de que na verdade é um ator a interpretar um presidente num filme.

Baseia-se num argumento votado para a "Black List" de 2015, um índice dos melhores a circular por Hollywood ainda não levados ao cinema. Will Ferrell também será o produtor.

"Talvez tenha conseguido reter alguma ignorância sobre o Alzheimer e outras versões de demência. Talvez se soubesse mais, não achasse o tema engraçado", acrescenta Davis.

A filha de Ronald Reagan explica ainda as razões para não encontrar humor.

"Vi como o medo invadiu os olhos do meu pai, este homem que nunca tinha medo de nada. Ouvi a sua voz tremer enquanto estava na sala de estar e disse 'Não sei onde estou'. Observava impotente como ele procurava as memórias, as palavras, que subitamente estavam fora do alcance e a mover-se cada vez para mais longe."

A também ativista num grupo de apoio chamado "Beyond Alzheimer" [Além do Alzheimer] deixa a Will Ferrell a sugestão para que visite um local de doentes com demência quando estiver a pesquisar para o papel.

"Eu visitei. Não encontrei lá nada cómico e a minha esperança é que você também não vá encontrar se for uma pessoa decente."

"A única certeza com o Alzheimer é que vai fazer mais vítimas e que a doença vai ganhar sempre no fim", conclui Patti Davis.