A realizadora italiana Luciana Fina vai apresentar esta semana no festival Doclisboa o filme e instalação visual "Terceiro Andar", feito a partir do diálogo de duas mulheres guineenses, mãe e filha, imigrantes em Portugal.

"Terceiro Andar" fará a estreia mundial no DocLisboa, com a instalação vídeo a inaugurar na quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian e o documentário a passar no dia 23 no cinema São Jorge.

Embora em contextos e suportes diferentes, a instalação e o documentário têm em comum essa intenção de registo de um diálogo geracional entre mãe e filha, Fatumata Baldé e Aissato Baldé, confinado num apartamento e num prédio em Lisboa.

No filme, a filha vai traduzindo para português aquilo que a mãe vai dizendo em crioulo ou em fula. Falam de amor, responsabilidade, maternidade, memórias de infância e da vida da aldeia em África.

Esta família guineense vive num terceiro andar de um prédio lisboeta construído na década de 1930, no chamado Bairro das Colónias. A realizadora Luciana Fina, que está Portugal desde os anos 1990, vive no quinto andar desse mesmo prédio.

'Do terceiro andar até ao meu quinto convivem universos aparentemente muito distantes. Com o cinema, abre-se uma hipótese de relação', afirma Luciana Fina na nota de intenções do projeto.

A par das imagens dos rostos de mãe e filha, fixas por vezes quase como uma fotografia, "Terceiro Andar" inclui ainda planos das escadas do prédio, e de todos os seus ruídos, como uma terceira personagem do filme.

Luciana Fina contextualiza: 'Pelas 19:00, do terceiro até ao meu quinto andar, ressoa pelo edifício inteiro um som regular, sempre igual, como o bater do coração. Fatumata prepara a comida todos os dias e tritura ingredientes num grande pilão de madeira trazido da sua aldeia'.

Na Fundação Calouste Gulbenkian, que se associa pela primeira vez ao DocLisboa, "Terceiro Andar" estará patente até 23 de janeiro numa instalação vídeo com duplo ecrã em projeção contínua.

O documentário, a exibir no domingo, dia 23, integra a competição portuguesa do DocLisboa.

Luciana Fina nasceu em Itália e trabalha em Lisboa desde 1991. Estreou-se na realização em 1998 com o documentário "A Audiência" e tem desenvolvido trabalho de investigação sobre a representação do cinema, da sala de cinema para o espaço de exposições. É autora de uma tese sobre cinema colonial português.

O Festival Internacional de cinema Doclisboa, dedicado ao documentário, começa na quinta-feira em várias salas da capital e com quase 260 filmes, dos quais 46 são portugueses.

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