Hollywood está fascinada com o sucesso de "Deadpool", que no fim de semana de estreia fez receitas de 265 milhões de dólares a nível mundial (em Portugal foi visto por 120 mil espectadores, de acordo com a distribuidora).

Afinal de contas, trata-se de um filme sobre super-heróis com mais violência e linguagem obscena do que é habitual no género que obteve a classificação R, o que impede a entrada de adolescentes sem a companhia de um adulto e que alegadamente reduziria a sua potencialidade comercial.

Além disso, foi um projeto que o estúdio Fox não quis fazer durante 11 anos e que só avançou depois das reações positivas dos fãs quando umas cenas de teste foram parar à Internet. E onde, mesmo assim, só quis gastar 58 milhões de dólares.

No entanto, o realizador de outro sucesso de nível inesperado envolvendo super-heróis chamado "Guardiões da Galáxia" prevê que os estúdios não vão perceber as razões do sucesso de "Deadpool".

No Facebook, James Gunn partilhou os seus pensamentos sobre a fantástica estreia e o que pode ser o futuro dos filmes de super-heróis.

"Depois de cada filme esmagar recordes, as pessoas aqui em Hollywood adoram atirar as razões definitivas para o sucesso do filme. Vi isso acontecer com 'Guardiões'. 'Não teve medo de ser divertido' ou 'era pitoresco e engraçado', etc., etc., etc. E a seguir, sei que oiço 100 projetos a serem desenvolvidos 'como os 'Guardiões'' e começo a ver dezenas de trailers exatamente como o do 'Guardiões', com uma grande canção pop e uma série de frases satíricas."

"'Deadpool' não era isso", recordou. "'Deadpool' era algo próprio. É a isso que as pessoas estão a reagir. É original, é bastante bom, foi feito com amor e não tinha medo de assumir riscos".

"Para que a experiência de ir ao cinema sobreviva, os filmes de grande espetáculo têm de expandir a sua definição do que podem ser. Precisam ser únicos e ter por detrás as vozes sinceras de cineastas. Não podem apenas copiar o que chegou antes deles."

Após o sucesso, James Gunn prevê que as pessoas "vão ver Hollywood a interpretar mal a lição que deviam aprender com 'Deadpool'. Vão aprovar filmes  'como 'Deadpool'', mas com isso não querem dizer 'bom e original', mas 'um filme atrevido de super-heróis' ou 'que quebra a quarta parede' [a personagem dirigir-se diretamente ao espectador]. Vão tratar-vos como estúpidos, que foi o que não fez 'Deadpool'."

O realizador acrescentou que nem tudo será negativo.

"Com esperança, no meio de tudo isto haverá um estúdio ou dois que vão aprender a lição certa disto — como a Fox fez com [o sucesso de] 'Guardiões' ao aprovar 'Deadpool' — e dizer 'Talvez lhes possamos [ao público] dar algo que eles já não têm".

E prevê: "E será esse a ter sucesso".

"Guardiões da Galáxia 2" está em pré-produção para chegar às salas de cinema a 5 de maio de 2017.