«Há um processo de pesquisa mais ou menos arqueológico para totós: quem já sabe poderá ficar a saber mais ou a validar aquilo que sabe, quem não sabe poderá ler de uma maneira quase tutorial, e ficar quase especialista na área», afirmou à Lusa Elsa Rodrigues, investigadora residente em Leiria.

O livro deverá estar concluído até ao final deste ano, informa Elsa Rodrigues, e nasce da tese de doutoramento «Alteridade, tecnologia e utopia de ficção científica norte-americano: a tetralogia aliens». Doutorada desde março pela Faculdade de Economia de Economia da Universidade de Coimbra, Elsa Rodrigues focou muito do seu trabalho nos quatro filmes da saga
«Alien».

«Entre o primeiro e o último existem apenas 18 anos de intervalo, mas são um exemplo paradigmático», fundamental para sustentar a tese. «Por isso e pela minha admiração pessoal pela [personagem] Ripley», revela.

Elsa Rodrigues dá aulas de filosofia e psicologia na Escola Secundária José Loureiro Botas, em Vieira de Leiria, Marinha Grande.

A sua paixão pelo cinema «acaba por ter algumas vantagens» porque utiliza a Sétima Arte como ferramenta pedagógica.

Curiosamente sem recurso a filmes de ficção científica, «porque isso seria fazer batota», argumenta, ainda que fosse «muito tentador dar ‘
Matrix’ por causa da noção de realidade e verdade», admite.

Pertencente a uma geração que cresceu a ver filmes de ficção científica, Elsa Rodrigues diz que chegou «ao ano 2000 com alguma desilusão porque não era nada daquilo que nos tinha sido prometido».

Contudo, por norma, que «não temos futuros glamorosos» neste género de cinema. Elsa Rodrigues exemplifica: «A ficção científica tem, curiosamente, uma relação com as instituições de contrapoder porque considera que o capitalismo é o grande aliado do mal. Muitas vezes é o mal em si. Temos isso no ‘
Avatar’, em todos os filmes da década de oitenta, muito claramente, no ‘
Exterminador Implacável', no próprio ‘Alien’».

Filmes que, acrescenta, fazem sobressair a ideia de que «a ganância é sempre corruptora», mas também a conclusão de que «a ficção científica nos permite imaginar o futuro, servindo para nos dizer para onde não queremos ir».

SAPO com Lusa