Entre "Fargo" (1996) e "Este País Não é Para Velhos", os irmãos Joel e Ethan Coen ganharam quatro Óscares. A estes prémios juntam-se ainda mais dez nomeações, incluindo uma recente pelo argumento de "A Ponte dos Espiões".

Mas os cineastas acham que a polémica em redor de #OscarsSoWhite [Óscares Tão Brancos] faz os prémios entregues por Hollywood mais importantes do que são na realidade.

"[Isso] é dar mesmo demasiada importância aos prémios. Ao fazer disso um assunto tão grave, está-se a partir do princípio que essas coisas [os Óscares] realmente têm importância. Acho que nem de um ponto de vista económico signifiquem grande coisa.", declarou Joel Coen numa entrevista em Los Angeles ao The Daily Beast.

"Sim, é verdade", confirmou sobre a questão da diversidade. "E também é verdade que isso está a fazer o tema todo subir a um patamar que na verdade não merece. Diversidade é importante. Os Óscares não são assim tão importantes", acrescentou.

As declarações foram feitas no âmbito da promoção de "Salve, César", a mais recente comédia dos irmãos, que anda à volta do ansioso responsável de um estúdio em Hollwood dos anos 1950 que, de repente, perde o ator principal da sua gigantesca e dispendiosa produção e tem apenas um dia para o encontrar.

E é um filme em que o jornal Washington Post não se esqueceu de destacar a "brancura generalizada" do elenco formado por George Clooney, Scarlett Johansson, Channing Tatum, Josh Brolin, Tilda Swinton e Ralph Fiennes, onde "a única personagem de cor é uma aspirante a estrela latino-americana baseada em Carmen Miranda", interpretada por Veronica Osorio.

Ainda que a Hollywood da época fosse muito menos diversificada racialmente, os irmãos Coen foram questionados durante a mesma entrevista sobre a falta de minorias no seu filme.

"Por que haveriam de existir? Não percebo a pergunta. Isto é, percebo que esteja a fazê-la, não percebo de onde ela vem", respondeu Joel Coen.

"Não a questão das pessoas quererem mais diversidade — [mas] porque é que elas haveriam de destacar um filme em particular e dizer ' Por que razão não há negros, chineses ou marcianos neste filme?' O que se está a passar? Essa é a questão que não entendo. A pessoa que a faz tem de vir cá e explicar-ma".

E como cineastas, "é importante ou não ter ponderar conscientemente preocupações como a diversidade", aventurou-se a entrevistadora.

"De modo nenhum", avançou Ethan Coen. "É importante contar a história que se está a contar da forma certa, que pode envolver pessoas negras ou pessoas de qualquer descendência ou etnicidade — ou talvez não".

"É um mal-entendido completo e absurdo de como as coisas são feitas destacar uma história específica e dizer 'Por que é que não há isto, aquilo ou outra coisa?'", acrescentou o irmão.

"É um mal-entendido básico de como são escritas as histórias. Portanto, tem de se começar aí e dizer 'Não sabe do que está a falar'. Não nos sentamos a escrever uma história e dizemos 'Vou escrever uma história que envolve quatro negros, três judeus e um cão', certo? Não é assim que são escritas as histórias. Se não se percebe isso, não se percebe nada sobre como as histórias são escritas e não compreende que a questão que está a fazer é idiota".

“Não é algo ilegítimo dizer que devia haver mais diversidade na indústria. Mas essa pergunta não é sobre isso, é sobre outra coisa.", concluiu Joel Coen.

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