Os realizadores James Cameron e Guillermo Del Toro são velhos amigos. Conheceram-se durante a pré-produção de «Cronos» (1993), o primeiro filme de del Toro, e forjaram uma amizade duradoura graças a uma paixão pelo cinema. De tal forma que, nos dois anos que se seguiram, o realizador mexicano passou bastante tempo na casa de férias do realizador de «Titanic» e trocam conselhos e opiniões sobre os filmes um do outro.

Mas foram precisos quase 20 anos para se saber que Cameron praticou uma ação digna dos protagonistas dos seus filmes e da merecida reputação de ser um dos realizadores mais destemidos da história do cinema.

Em 1996, durante a problemática rodagem de «Mimic», Guillermo del Toro descobriu que o seu pai, Federico del Toro, tinha sido raptado em plena rua de Guadalajara, a sua cidade natal. Os raptores exigiam um milhão de dólares de resgate pela entrega em segurança do patriarca, quantia impossível de reunir pelo filho, que investira tudo o que tinha em «Mimic», e muito menos pela família.

Os dias passaram-se e tornaram-se semanas, com cada vez menos opções disponíveis. Eventualmente, tudo chegou ao conhecimento de James Cameron, que, sem hesitações, procurou o amigo e levou-o diretamente a um banco onde lhe foi entregue a quantia em dinheiro para pagar o resgate. Não satisfeito, Cameron recomendou um especialista em negociações para ajudar a trazer o pai de del toro de regresso a casa em segurança.

72 dias depois de ter sido raptado, Federico del Toro foi libertado. Vários homens seriam mais tarde detidos e acusados, mas nenhum cumpriu qualquer pena pelo crime. E apesar da má experiência de «Mimic», Guillermo del Toro decidiu que não estava mais em segurança no seu país e mudou-se com a família permanentemente para os Estados Unidos... o pai ficou no México.

O episódio juntou ainda mais realizadores: «[Cameron] ajudou-me em cada um dos meus filmes, excepto «Mimic», onde estávamos sequestrados em Toronto e não o podíamos mostrar a ninguém. Ele deu-me algumas opiniões sobre a versão de «Blade II»- Estive com ele na sala de montagem de «A Verdade da Mentira», «Titanic», «Avatar», todos eles. Quando ia fazer «Batalha do Pacífico», deu-me uma aula privada sobre conversão 3D e teoria 3D. Não podia pedir nada melhor. Ele é um grande amigo e ainda um cineasta mais extraordinário».

O dinheiro de James Cameron nunca foi recuperado.