O termo "estrela de culto" funciona perfeitamente para Kurt Russell, um ator imprevisível cuja carreira inclui muitos sucessos e também alguns dos grandes fracassos de bilheteira, o que não o impediu de se tornar uma das estrelas mais queridas da história do cinema.

Se passarmos em revista a participação do ator, de 66 anos, em filmes como a comédia "As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim" (1986), o de ficção científica e terror "Veio do Outro Mundo" (1982) ou o policial "Tango & Cash" (1989), é fácil perceber porque Russell acabou de alcançar o estatuto de "tesouro nacional" nos Estados Unidos.

Na verdade, esses filmes, como muitos dos seus papéis mais conhecidos, não conseguiram grandes receitas em suas carreiras nos cinemas e até foram arrasados pelos críticos, antes de ganharem uma segunda vida em vídeo.

"Fiz coisas que adorei que não tiveram um bom lançamento, ou que foram inoportunas, ou que as pessoas não quiseram ver, mas depois foram descobertas e se tornaram filmes de culto", contou Russell à agência AFP numa entrevista em Los Angeles.

"'Veio do Outro Mundo' não foi bem recebido na época, e agora é considerado um dos grandes filmes de terror... 'As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim' foi um filme completamente mal interpretado por muitos e amado por outros. E realmente é considerado de culto", acrescentou.

Este mês, Russell é o denominador comum de dois dos maiores 'blockbusters' de 2017, "Velocidade Furiosa 8", que bateu recordes de bilheteira a nível mundial, e "Guardiões da Galáxia Vol. 2", que deverá seguir a mesma trajetória, ou não fosse da Marvel.

"Quando isso acontece, é bom. É simplesmente bom que chegue o momento em que dois deles fazem 'boom boom'", disse o ator, acomodando-se na sua cadeira num hotel de West Hollywood.

A oportunidade bate à porta

Firmemente posicionado na direita do espectro político - ele define-se como libertário -, Russell é a favor da posse de armas e gosta de caçar alces no rancho do Colorado que divide com a sua companheira, a atriz Goldie Hawn, há 34 anos.

Um "outsider" de Hollywood em quase todos os aspectos, ele nunca ganhou nenhum dos principais prémios de ator, não comparece às grandes festas e não é membro da Academia que atribui os Óscares.

O seu primeiro filme, "Ruivas, Loiras e Morenas" (1963), foi rodado em duas semanas com Elvis Presley, mas ele tornou-se conhecido graças ao papel de adolescente em vários filmes para a família lançados pela Disney.

Ficou amigo de Walt Disney, e muitas vezes contou que, pouco tempo depois da sua morte, em 1966, lhe mostraram uma folha de papel onde o proprietário do estúdio tinha rabiscado as suas últimas palavras escritas: "Kurt Russell".

Walt Disney levou para o túmulo os seus planos para o jovem ator e o motivo da ortografia estranha, mas esta não foi a última vez que a oportunidade bateu brevemente à porta de Russell - antes de ser empurrada para longe.

Em 1976, fez testes para os papéis de Luke Skywalker e Han Solo num promissor e extravagante western espacial chamado "Star Wars", mas abandonou a oportunidade quando o realizador George Lucas teve dúvidas sobre qual a personagem que seria mais adequada para ele e a NBC lhe ofereceu trabalho numa série.

Sempre a saltar de génro

Esse programa da NBC, "The Quest", foi cancelado por baixas audiências após 11 episódios, enquanto "Star Wars" parece ter corrido um pouco melhor. Ainda hoje, Russell é prudente nas suas escolhas.

"Se você faz filmes durante 54 anos, haverá muitos deles que você poderia ter feito e não fez, ou não conseguiu, seja o que for. Isso é o que um ator faz", disse, encolhendo os ombros.

Russell e o cineasta John Carpenter fizeram um sucesso improvável do filme de televisão "Elvis" (1979), e voltaram a juntar-se para o distópico "Nova Iorque 1997" (1981), "Veio do Outro Mundo" e "As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim" (1986).

A carreira de meio século de Russell fechou o círculo com a estreia de "Guardiões da Galáxia Vol. 2" da Marvel, produzido pela Disney, no qual interpreta Ego, O Planeta Vivo, ao lado de Chris Pratt e Zoe Saldana.

"A minha carreira inteira tem sido saltar de género, e divertindo-me por estar em todos esses géneros diferentes", afirma.

Russell não é muito um fã da ficção científica; ele não tinha sequer visto o primeiro "Guardiões" quando estava a ser sondado para a sequela.

"Conheço os filmes, vi alguns 'Homem de Ferro', alguns 'Homem-Aranha', 'Batmans' e 'Super-Homens'. Há uma parte disso que não me atrai", admite.

OS FILMES DE KURT RUSSELL.

 

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