No espetáculo "Movies In Concert", agendado para dia 27 de maio no Coliseu do Porto, a orquestra promete fazer uma viagem pelos bandas sonoras de grandes filmes como "Star Wars", "Indiana Jones", "Piratas das Caraíbas" ou "Harry Potter", entre outros.

Em palco estarão 50 músicos sob a direção do maestro Nuno de Sá. O SAPO Mag conversou com o maestro sobre 10 anos de história e muitas memórias de concertos.

SAPO Mag (S.M.): O que prepararam para o alinhamento do concerto no Porto?

Maestro Nuno de Sá (N.S.): Temos um momento muito especial no concerto que acho que vai tocar as pessoas, um momento mais emocional com uma banda sonora específica que marcou muita gente e a Lisbon Film Orchestra vai interpretá-la. Vai ser uma cerejinha no topo do bolo. E vamos ter a Ana Margarida connosco, que esteve no Disney in Concert, a voz portuguesa da Elsa de “Frozen”.

Este concerto surge de uma vontade nossa de, em nome próprio, levar as bandas sonoras ao Coliseu do Porto. Durante muitos anos, também por falta de condições, fizemos concertos em Lisboa, de 2007 a 2014. Nunca houve a oportunidade de levar o concerto ao Porto. Este ano, por ser ano de aniversário, decidimos arriscar e fazer algo diferente e podemos assim comemorar os 10 anos no Coliseu do Porto.

Claro que quando anunciamos isto já temos as pessoas de Lisboa a perguntar “para quando este concerto em Lisboa?”. Mas este ano, a ideia era fazer uma coisa diferente e tocar todas as bandas sonoras mais emblemáticas num só concerto.

(S.M.): Em 10 anos de história e de concertos, que já são muitos, quais são as melhores memórias que guarda?

(N.S.): Uma das coisas que recordo são as salas cheias, mesmo o primeiro concerto que fizemos no São Jorge e em que arriscámos sem saber bem o que estávamos a fazer, enchemos uma sala de 800 lugares e tivemos pessoas a fazer filas à porta. Foi muito especial. E depois a sensação de ter feito pela primeira vez o concerto no Campo Pequeno para 3500 pessoas. Foi uma grande emoção entrar numa sala daquele tamanho e ter as pessoas a reagir às canções nas minhas costas.

(S.M.): E continuam a querer fugir ao formalismo de um concerto de orquestra no sentido mais tradicional do termo…

(N.S.): Sempre quisemos que a música de orquestra chegasse às pessoas de uma forma mais ligeira e sem aquela seriedade. Apesar de estarmos todos vestidos a rigor e ter o rigor que uma orquestra precisa de ter na execução, sempre quisemos que o público pudesse reagir e também participar de alguma forma, cantando, ou cantando e dançando, que fizesse aquilo que sentissem que era importante fazer. Acabar os "Piratas das Caraíbas" ou alguma banda sonora que gere uma reação mais efusiva como se estivéssemos num concerto de rock é muito especial. Não estamos à espera daquela reação por parte do público.

(S.M.): Há uma história tão vasta de bandas sonoras e todas as que vocês tocam são emblemáticas mas, como é que chegam a um determinado alinhamento para os concertos?

(N.S.): Sou eu que faço essa direção artística e tem muito a ver com os meus gostos pessoais e com o que seria um desafio para mim fazer mas, ao mesmo tempo, tem a ver com o que as pessoas irão gostar de ouvir. É muito difícil fazer um espectáculo de bandas sonoras mais emblemáticas e não andar muito à volta do John Williams enquanto compositor porque realmente são as bandas sonoras que as pessoas mais conhecem, que sabem cantar, que reconhecem só de ouvir um bocadinho. Dentro da obra de John Williams é mais fácil escolher. Há uma série de bandas sonoras que são incontornáveis e que as pessoas vão reconhecer: o "Star Wars", o "Indiana Jones", o "Super-Homem", o "Harry Potter". A partir daí começamos a fazemos o alinhamento. E depois vamos para outras que também tiveram força como “O Senhor dos Anéis”, “Gladiador” ou “Piratas das Caraíbas”. É importante sentir como o público vai sentir a música e escolher qual a música certa para estar a seguir a outra, qual o momento especial que vai dar mais um pouco de emoção ao concerto e acabar sempre em grande força para que as pessoas saiam com vontade voltar a ouvir aquelas bandas sonoras.

(S.M.): Podemos esperar concertos em Lisboa para breve?

(N.S.): Estamos a planear fazer mais dois espetáculos da Lisbon Film Orchestra a seguir ao verão, no último trimestre do ano, para comemorar os dez anos. Estamos a tentar e esperamos conseguir fazê-lo.

Veja a Lisbon Film Orchestra a interpretar a banda sonora de "Piratas das Caraíbas":