As minorias étnicas, que constituem quase 54% da população americana, estão sub-representadas em todas as frentes de Hollywood, desde os papéis de protagonistas até os postos de realizadores, argumentistas e até mesmo entre os participantes de 'reality shows' na TV.

A conclusão está presente no relatório anual sobre a diversidade na capital mundial do entretenimento de Darnell Hunt, líder do Centro para Estudos Afro-Americanos Ralph J. Bunche da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

O problema é quase igual entre as mulheres, destaca o estudo, que examinou os 200 filmes mais importantes lançados em 2012 e 2013, assim como todos os programas da TV por cabo e televisão aberta exibidos na temporada 2012-2013.

Entre os dirigentes dos estúdios de cinema, 94% são brancos e 100% homens. Os executivos com os principais cargos são 92% brancos e 83% homens. O padrão repete-se na televisão.

As conclusões chegam num momento particularmente delicado em que a "diversidade" está na ordem do dia em Hollywood.

A cerimónia dos Óscares aproxima-se no meio de uma polémica já frequente na indústria do cinema: a tendência de que os artistas nomeados sejam todos brancos ameaça turvar o ambiente.

Nenhum ator ou atriz de minoria foi indicado pelo segundo ano consecutivo, o que provocou protestos contra a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entidade que organiza os Óscares.

Darnell Hunt, descreve a polémica - tema de uma campanha nas redes sociais com a hashtag #OscarsSoWhite [Oscar tão branco] - como "a mesmo de sempre".

"Hollywood é uma indústria muito isolada. Está dominada por homens brancos. Sempre foi assim. Tendem a ficar perto das pessoas com as quais sentem-se cómodas. Tendem a parecer-se com si mesmos: outros homens brancos, com a maioria dos quais já trabalharam antes. E esta prática é traduzida na estrutura da indústria que observamos durante gerações".


Responsabilidade Social

Hunt afirma que Hollywood pode, inclusive, estar a perder oportunidades de negócios porque um filme com elenco relativamente diversificado arrecadaria mais nas bilheteiras e o investimento teria um retorno maior.

A direção da Academia, que tenta superar as acusações de racismo institucional, anunciou que até 2020 vai duplicar o número de mulheres e indivíduos pertencentes a minorias entre os votantes. Atualmente, tais grupos estão representados em 24% e 7%, respectivamente.

Todos os olhos da cerimónia do próximo domingo, 28 de fevereiro, estarão voltados para o comediante e ator Chris Rock, negro, que será o anfitrião, apesar dos muitos pedidos para que boicotasse os prémios.

Os analistas acreditam que o artista de 51 anos não evitará a polémica e irá utilizá-la durante a cerimónia. Rock terá reescrito o seu argumento depois de a atriz Jada Pinkett Smith ter anunciado que não compareceria ao evento.

"Nos Óscares, as pessoas de cor sempre são bem-vindas no momento de entregar prémios ou inclusive para entreter", afirmou a também esposa da estrela Will Smith.

"Mas quase nunca nos reconhecem pelas nossas conquistas artísticas. As pessoas de cor deveriam deixar de participar nestes eventos?".

Agora que a temporada de prémios está no auge, muitas pessoas importantes em Hollywood comentam o tema.

"Penso que isto se reduz a uma questão de responsabilidade, responsabilidade pessoal", disse o realizador do filme "O Caso Spotlight", Tom McCarthy, à imprensa durante o almoço de homenagem aos nomeados em Los Angeles.

"Isto apresenta a grande pergunta: 'O que podemos fazer?' Todos temos que fazer a nossa parte. Cada argumentista, realizador, ator, produtor e espectador".

Apartheid institucional

O veterano Sylvester Stallone, nomeado na categoria de ator secundário, revelou no mesmo evento que pensou em boicotar os Óscares ao saber que nenhum artista negro do filme "Creed: O Legado de Rocky" tinha sido nomeado.

O diretor de "Mad Max: Estrada da Fúria", George Miller, recebeu com agrado o debate, mas afirmou que na realidade se trata de uma história antiga.

A Coligação de Meios Multiétnicos, um grupo de pressão que desde o ano 2000 se reúne anualmente com os quatro principais canais de televisão dos EUA, anunciou em comunicado que iniciou conversações com os grandes estúdios de Hollywood sobre o tema diversidade.

"Nós superamos fronteiras na televisão e voltaremos a fazer no cinema", disse Alex Nogales, da National Hispanic Media Coalition, uma coligação de organizações latinas que integra o grupo.

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