Apesar de "Barbie" ter sido o maior sucesso de bilheteira em 2023, um novo estudo descreve o ano como o de um "retrocesso catastrófico para as jovens e mulheres no cinema".

Segundo o novo trabalho da Annenberg Inclusion Initiative [Iniciativa de Inclusão Annenberg], grupo líder na análise da diversidade e inclusão no mundo do entretenimento na Universidade do Sul da Califórnia, citado pela Variety, o ano passado marcou um mínimo histórico para mulheres entre os 100 maiores sucessos de bilheteira.

Apenas 30 dos filmes tinham mulheres em papéis de protagonismo, uma descida em relação aos 44 de 2022 e um número idêntico ao do cinema de Hollywood em 2010.

"Este é um retrocesso catastrófico para jovens e mulheres no cinema. Nos últimos 14 anos, traçámos progressos na indústria, por isso ver esta inversão é surpreendente e, ao mesmo tempo, em contraste direto com toda a discussão de 2023 como o ‘ano da mulher’”, destacou em comunicado Stacy Smith, diretora fundadora da Iniciativa.

E acrescentou: "Estes números são mais do que apenas uma métrica da frequência com que as jovens e mulheres desempenham papéis protagonistas. Eles representam as oportunidades de carreira oferecidas às mulheres na indústria cinematográfica. Este ano, descobrimos que essas oportunidades diminuíram drasticamente. Mesmo olhando para os filmes que foram adiados para 2024 por causa da greve [dos atores de Hollywood], não podemos explicar o colapso do protagonismo feminino em 2023, a não ser dizer que isto é um fracasso da indústria"

"A Pequena Sereia"

As analistas do estudo destacaram como positivo o facto de 37 dos 100 filmes mais rentáveis terem como protagonistas atores de grupos raciais ou étnicos sub representados, mais seis do que em 2022.

Já as mulheres de cor foram protagonistas de apenas 14 filmes, com a liderança a ser de Halle Bailey na nova versão de "A Pequena Sereia", menos quatro do que no ano passado, embora seja um grande contraste em relação a apenas um título em 2007, quando começaram estes estudos.

A discriminação prolonga-se à idade, apenas com três filmes a terem mulheres de 45 anos ou mais nos principais papéis, em contraste com os 32 com homens na mesma faixa etária.

Com 46,1%, a Disney é o estúdio que tem mais filmes protagonizados por mulheres, mas o estudo nota que todos os estúdios tradicionais estão a perder terreno para as plataformas de streaming, com destaque para a Netflix, onde mais de metade dos lançamentos têm mulheres nos principais papéis.

na sua conclusão, o estudo apela a Hollywood para aprender as lições certas de um grande sucesso como "Barbie".

“Um filme não representa progresso em toda a indústria e não pode suportar o fardo de a erguer até à inclusão. Os resultados deste ano apontam para uma indústria cada vez mais apática em relação aos esforços em torno da diversidade e da inclusão. Embora seja fundamental celebrar as conquistas de filmes importantes como ‘Barbie’, deve haver mais de um ou alguns filmes que reflitam as experiências de mulheres e pessoas de cor todos os anos. Até que a indústria pare de se esconder atrás de um único exemplo, a mudança permanecerá ilusiva”, resume.