Em declarações aos jornalistas em Bruxelas, à margem de uma reunião de ministros da Cultura da União Europeia, Luís Filipe Castro Mendes, questionado sobre a controvérsia em torno dos júris que decidem quais os projetos de cinema e audiovisual que recebem apoio financeiro, disse que essa “é uma questão que está a ser negociada”, havendo agora condições para um entendimento.

“Mudou a direção do ICA e continuamos com negociações abertas e com vontade de chegar a um resultado que seja equilibrado, que seja consensual, que seja aceite pelos nossos produtores, pelos nossos realizadores e por todos os parceiros do cinema”, disse o ministro.

Castro Mendes observou que, “neste momento, os problemas que se apresentam tornavam conveniente uma nova direção”, mas lembrou que “quem tomou a iniciativa de pedir a demissão foi evidentemente a anterior direção do ICA”, à qual fez questão de “prestar homenagem”.

“A direção do ICA demitiu-se, foi substituída por outra. Nós respeitámos essa decisão e esperamos que com a nova direção, com o dinamismo da nova direção, com a possibilidade de renovar as negociações e as conversas com todos os parceiros da área do cinema, possamos ir ao encontro de um bom resultado”, reforçou, prometendo voltar a falar do assunto “muito em breve”.

Na semana passada, a 17 de maio, Filomena Serras Pereira e Ana Costa Dias, presidente e vice-presidente, respetivamente, do ICA, pediram a demissão, aceite pelo Ministério da Cultura, que no dia seguinte anunciou que Luís Chaby Vaz seria o novo presidente do instituto e Maria Mineiro a nova vice-presidente, iniciando ambos funções a 01 de junho.

Filomena Serras Pereira sai numa altura de grande contestação por parte de várias associações do setor, no seguimento da escolha dos júris dos concursos de apoio financeiro e da política para o setor do cinema e audiovisual.

A saída da anterior direção do ICA aconteceu pouco mais de uma semana depois da abertura dos concursos de apoio financeiro referente a 2017 e numa altura em que a tutela ainda está a negociar a alteração da regulamentação da lei do cinema e audiovisual.

Em abril, quando foram aprovados os júris que decidem quais os projetos de cinema e audiovisual que recebem apoio financeiro, 14 associações do setor fizeram um protesto à porta do ICA e criticaram duramente a direção do ICA.