Claude Barras passou por Lisboa a convite do festival e no âmbito de um périplo que tem feito por vários países, a apresentar este filme de animação, que teve estreia mundial em 2016, no festival de Cannes.

É um filme para crianças que também serve o público adulto, venceu quase trinta prémios, foi nomeado para os Óscares e já garantiu distribuição comercial em mais de trinta países, incluindo Portugal, onde chegará a 11 de maio.

"A minha vida de Courgette" adapta um romance do autor francês Gilles Paris, sobre Ícaro, um rapaz de nove anos que é enviado para um orfanato, depois da morte da mãe.

Nesse orfanato, Ícaro - que prefere que o chamem Courgette -, fica a conhecer outras crianças e a história particular de cada uma delas, que inclui violência, abusos, carências afetivas e problemas parentais.

Em entrevista à agência Lusa, Claude Barras descreveu o filme como um conto de fadas, mas com uma perspetiva realista e essa aproximação à realidade tem feito com que muitos jovens gostem dele.

"É uma história dura, porque fala de órfãos, com um passado muito difícil", mas é também um filme sobre resiliência e "como as crianças tentam esquecer e digerir os abusos, parar essa espiral de violência e continuar a viver com esperança", disse.

Os diálogos das personagens contam com contributos das crianças que lhes dão vozes, tornando-o mais verosímil e realista na aproximação de um público mais novo a temas mais sérios e complexos.

Claude Barras tem formação em ilustração, mas decidiu fazer cinema por acasos da vida, encontros com argumentistas e realizadores. Tem várias curtas-metragens de animação, que já apresentou em festivais portugueses, mas "A minha vida de Courgette" é a primeira longa-metragem.

Demorou vários anos a fazê-la e parte desse labor deve-se à técnica de animação utilizada, com volumes e em 'stop motion', que serviu também filmes como "O estranho mundo de Jack", de Tim Burton, e "Os monstros das caixas" e "Kubo e as duas cordas", ambas da produtora Laika.

Numa altura de grandes avanços tecnológicos no cinema de animação, Claude Barras escolhe uma técnica mais artesanal, mas nem por isso mais barata. "É uma técnica muito antiga, mas muito simples. Dá um lado mais físico às coisas, dá um caráter único a cada imagem, por isso não se pode recomeçar nem corrigir".

Em cada apresentação do filme, Claude Barras faz-se acompanhar da marioneta que dá corpo ao protagonista, Courgette, para poder explicar as técnicas utilizadas.

Dez meses a viajar pelo mundo tem sido uma experiência muito enriquecedora, mas exigente, admitiu. Diz que continua a ser o mesmo apesar do sucesso e da visibilidade internacional, mas encontra outra disponibilidade das pessoas.

Atualmente prepara uma nova longa-metragem, também em 'stop-motion' inspirada na história dos avós e em memórias de infância.

O Monstra - Festival de Animação de Lisboa termina no domingo.

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.