"Amadeo de Souza Cardoso: O Último Segredo da Arte Moderna" vai ser exibido no MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, no próximo sábado, num evento que o realizador considera um "regresso" do pintor à cidade norte-americana.

"O filme já foi visto em dezenas de países, mas nos EUA, e em Nova Iorque, tem um significado forte. É um regresso do nome de Amadeo aos EUA, onde a sua obra conheceu um dos maiores sucessos em vida", explicou à agência Lusa o realizador, Christophe Fonseca.

O documentário,  que é apresentado em Nova Iorque pelo Arte Institute, para celebrar o seu 6.º aniversário, já foi projetado nas salas do Grand Palais e do Museu do Louvre, em Paris, e transmitido pela France Télévision e pela RTP1, tendo sido visto por mais de um milhão de pessoas nos dois países.

O documentário traça o percurso do artista português nascido em Amarante, em 1887, e falecido em Espinho, em 1918, com apenas 30 anos, e, segundo o seu realizador, foi "feito no espírito de promover Amadeo além-fronteiras."

Christophe Fonseca recorda que um dos pontos altos da carreira de Amadeo de Souza Cardoso aconteceu nos EUA, durante o Armory Show, que passou por Nova Iorque, Boston e Chicago, em 1913.

Na exposição itinerante, considerada seminal para o modernismo, o nome português "estava como cabeça de cartaz ao lado de nomes como Brancusi, Gauguin, Renoir, Matisse" e ainda hoje, uma das obras mais conhecidas do pintor, "The Leap of the Rabbit", pode ser vista no Museu de Arte de Chicago.

Christophe Fonseca, que vai estar presente na exibição do filme no MoMA, assim como o produtor da obra, Ruben Alves (o realizador de "Gaiola Dourada"), espera que o documentário cause novo interesse sobre o pintor no país.

"Espero que seja um primeiro passo para que haja uma grande exposição sobre o artista nos EUA, onde faria todo o sentido", diz o realizador.

Em 1999, uma retrospetiva da obra de Amadeo de Souza Cardoso esteve patente nos EUA, primeiro em Washington, na Corcoran Gallery of Art, depois no Arts Club of Chicago, onde ficou até meados de março de 2000, antes de seguir para a antiga Equity/AXA Gallery, em Manhattan.

A mostra tinha por título "At the Edge – A Portuguese Futurist, Amadeo de Souza Cardoso" (algo como "No Alvo – Um Futurista Português, Amadeo de Souza Cardoso"), foi organizada pelos curadores da Corcoran Gallery of Art, em colaboração com o Ministério da Cultura de Portugal e a Fundação Calouste Gulbenkian.

Além de exemplares da coleção da Gulbenkian, a mostra incluía telas adquiridas pelo colecionador norte-americano Arthur Jerome Eddy, no Armory Show, em 2013, e as pertencentes ao Art Institute of Chicago.

Amadeo de Souza Cardoso privou com artistas como Modigliani, Brancusi, o casal Sonia e Robert Delaunay, e expôs a sua obra ao lado dos maiores do seu tempo, nomeadamente Braque, Picasso, Duchamp, Matisse, Kandinsky ou Léger.

Embora tenha deixado uma obra considerada revolucionária no seu tempo, o sucesso que conheceu em vida foi sendo progressivamente esquecido, após a sua morte precoce.

O filme de Christophe Fonseca teve por objetivo trazer "uma nova luz" sobre a obra de Amadeo e contribuir para revelar internacionalmente "um dos segredos mais bem guardados da arte moderna", segundo o historiador de arte norte-americano Robert Loescher.

O último filme de Christophe Fonseca, que trabalha há anos em projetos sobre cultura portuguesa, conta a história de Camille Pissarro, considerado o "pai do impressionismo", e descendente de uma família portuguesa de Bragança.