"Nunca receberia o aval" de um estúdio, afirmou Coppola durante uma mesa redonda organizada pelo Festival de Cinema de Tribeca, em Nova Iorque.
A mesa redonda também incluía vários dos principais atores do filme, como Al Pacino, Robert Duvall e James Caan, assim como Robert De Niro, que foi a estrela da sequela de "O Padrinho".
Coppola lembrou que a primeira parte de "O Padrinho" custou seis milhões de dólares e a segunda "entre 11 ou 12" milhões, o que, em números atuais, necessariamente exigiria a participação de um grande estúdio.
"Mas nunca chegaria a obter um OK ou o que agora chamamos de 'luz verde'. Nada pode obter luz verde a menos que seja um filme que possa ter uma série inteira (de sequelas), ou seja uma banda desenhada da Marvel", disse o cineasta.
O realizador, vencedor de duas Palmas de Ouro em Cannes por "O Vigilante" e "Apocalypse Now", também mencionou as dificuldades enfrentadas durante as filmagens.
Antes das primeiras cenas e até várias semanas depois do início das filmagens, os rumores sobre a substituição de Coppola não paravam de circular.
Também lembrou que o estúdio Paramount, que produziu o filme, não queria Marlon Brando, que acabaria por vencer o Óscar de melhor ator pela sua interpretação de Vito Corleone, assim como Al Pacino.
O estúdio temia que Marlon Brando perturbasse as filmagens e inclinava-se para outros atores em vez de Al Pacino para interpretar Michael, um dos filhos de Vito Corleone.
O lendário ator de "Há Lodo no Cais" e de "Um Eléctrico Chamado Desejo" acabou por conseguir o papel depois de um teste excepcional. Durante o teste, Marlon Brando teve a ideia de colocar pedaços de papel na boca para parecer um "buldogue", contou Coppola.
O ator também pensou em, sem indicação do cineasta, usar uma voz rouca, quase um sussurro, que se tornou famosa. Após alguns minutos, Marlon Brando atendeu o telefone com a voz de Don Corleone, lembrou Coppola.
"Tinha-se transformado totalmente na personagem", lembrou o realizador de "O Padrinho", filme que ganhou três Óscares em 1973.
Este encontro do elenco de "O Padrinho" marca o 45º aniversário do primeiro filme, e foi acompanhado pela exibição das partes 1 e 2 da história, centrada numa poderosa família do crime de Nova Iorque.
O Festival de Cinema de Tribeca foi co-fundado por Robert De Niro após os atentados de 11 de setembro de 2001, numa uma tentativa de reavivar Manhattan.
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