Não é só o debate sobre diversidade nos Óscares que está na ordem do dia: de acordo com a Variety, a pirataria dos filmes nomeados adquiriu uma dimensão que está a levar os estúdios de Hollywood a ponderar uma mudança que estava a ser debatida há muito tempo.

De acordo com os dados divulgados no início de janeiro pela Excipio, uma empresa que se debruça sobre a pirataria informática, os oito nomeados para o Óscar de Melhor Filme estão disponíveis nos sítios de partilha de ficheiros.

Esse valor representa um aumento de 59% em relação a 2015.

Isto acontece porque os estúdios de Hollywood enviam DVDs os seus filmes para o visionamento dos votantes de vários prémios, em especial os Óscares, os chamados "screeners".

Apesar de várias medidas defensivas, nomeadamente marcas de identificação, as cópias de elevada qualidade chegaram rapidamente à Internet; "The Revenant: O Renascido" e "Os Oito Odiados" ficaram mesmo disponíveis antes da estreia comercial nas salas dos EUA.

Há vários anos que a indústria discute a transição para visionamentos digitais e "streaming", mas aguardava garantidas de segurança do novo sistema e a solução de questões técnicas.

No entanto, as evidentes vulnerabilidades do processo de DVDs levou muitos representantes dos filmes a esperar que o streaming se torne muito mais importante nas campanhas para os Óscares em 2016-17.

Testes nesse sentido já terão sido feitos pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, permitindo que os votantes fora dos EUA pudessem assistir aos nomeados nas três categorias de curtas, documentários e filme estrangeiro.

Os visionamentos digitais e "streaming" já são usados para disponibilizar os títulos aos votantes de várias organizações cinematográficas e dos Emmys (os prémios da televisão), mas a mudança tem sido adiada nos Óscares porque as nomeações têm mais importância em termos comerciais.

Além disso, existe a relutância de muitos cineastas, que levaram anos a aceitar que os seus filmes destinados ao grande ecrã fossem vistos em casa pelos votantes e que não apreciam que isso possa ser feito num tablet ou iPhone, o que impede uma correta avaliação de pormenores técnicos como a fotografia ou som.

Existe outra razão para alguns preferirem deixar tudo como está.

Como recordou o elemento de um estúdio, "se eu enviar um DVD a todos os membros da Academia, posso dizer aos cineastas que está nas mãos de seis mil votantes  e que podemos partir do princípio que todos o irão ver. Mas com os visionamentos digitais, podemos medir o número exato de espectadores.E se apenas 35 tiverem visto o seu filme, parece que não estou a fazer o meu trabalho."

Ainda assim, o representante de um estúdio acredita que é uma questão de tempo porque a mudança combate a pirataria, reduz o tempo de espera (a produção e envio dos DVDs demora entre três a seis semanas) e tem custos mais reduzidos. Por isso mesmo, muitos analistas contactados pela Variety prevêem que serão os representantes do cinema independente a liderar esse processo.

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