Por Roni Nunes (em Berlim)
Leonor Teles e os seus amigos partiram muitos sapos no átrio do Cinemaxx, em Berlim, onde foi exibido "Balada de um Batráquio" – que ganhou o Urso de Ouro de Melhor Curta-Metragem. Literalmente.
Mais do que mostrar o filme, a produção teve a ideia de levar ao festival estatuetas de porcelana para quebrar, fazendo eco ao que acontece no filme quando os “protagonistas” (entre as quais a própria Leonor) saem em correria pelas ruas de uma cidade portuguesa a roubar os sapos que as lojas utilizam para afastar os ciganos. O resultado é um protesto com um humor ácido contra a xenofobia.
Felizmente, o SAPO MAG não entrou na ironia e, na nossa conversa exclusiva durante a exibição do filme, a cineasta de apenas 23 anos, formada na Escola Superior de Cinema e Teatro, mostrava-se surpreendida por ter sido chamada para um festival deste porte com uma abordagem tão “parva”.
O que está a achar da participação no festival?
Estou a achar brutal, não estava nada à espera, muito menos assim com um filme desse género…
Deste género como?
Bastante parvo. Acaba por ser um filme bastante engraçado ou tenta ser mais divertido, menos usual daquilo que é o documentário. O tema também trata de uma temática muito específica e a abordagem é diferente, mais parva, mais para a brincadeira. Depois quando soube foi extraordinário.
A sessão aqui estava cheia…
Acho que é ótimo todos nós fazermos filmes que sejam vistos pelo maior número de pessoas e é fantástico estar num festival deste porte, com as sessões todas lotadas. Não há melhor começo para um filme. A sala aqui tinha 500 lugares e estava completamente cheia, o que é brutal para um filme pequeno como o meu.
E agora, qual é a próxima cartada?
Estou a trabalhar num projeto novo que pretende ser maior do que aquilo que tenho feito até agora, que são curtas em torno de oito minutos. Quero fazer uma coisa completamente diferente que não a ver com o que tenho feito até agora, que é trabalhar temáticas relacionadas aos ciganos – como era o caso também do meu filme anterior, embora de maneira completamente distinta. Quero ir para um universo bastante diferente, que é a da minha cidade natal, Vila Franca de Xira, e que começa com um sítio e uma personagem que lá vive, próximo ao Tejo. É um projeto que ainda está em fase de escrita, vai demorar.
Filmes sobre ciganos são raros em Portugal, não?
Exato. Eu sou cigana pela parte do meu pai, toda a minha família paterna, por isso interessei-me por esse assunto.
Com isso, após a sessão, os cacos de porcelana espalharam-se pelo chão e a conversa exclusiva da realizadora com o SAPO MAG foi interrompida por um espectador que, depois de elogiar o humor subtil do filme, disse que também queria “partir sapos”.
“É para isso que eles estão aí, é levar lá para fora e partir!”, respondeu Leonor.
Trailer de "Balada de um Batráquio"
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