Mais uma controvérsia a envolver Quentin Tarantino.

Em entrevista ao jornal ABC na Austrália, o cineasta diz não se importar com o facto de na China circularem versão pirateadas dos seus filmes, uma vez que é para ultrapassar as rígidas leis da censura.

Apesar disso, a posição pode parecer estranha, principalmente quando cópias de qualidade DVD do seu mais recente filme, "Os Oito Odiados", chegaram à Internet antes mesmo da data de estreia nos EUA, mas Tarantino teve uma má experiência com o seu filme de 2012 "Django Libertado".

Esse filme viu a sua estreia aprovada na China e o realizador supervisionou pessoalmente uma versão que cortava os momentos mais violentos, mas a exibição foi parada um minuto após começar numa sessão matinal em Pequim na estreia a 11 de abril de 2013 e as autoridades baniram-no, cancelando todas sessões e ordenando que os cinemas devolvessem o dinheiro aos espectadores.

Um mês mais tarde, o filme teve uma segunda estreia com mais cortes, num total de três minutos, onde por exemplo Django e a sua esposa já não eram vistos nus quando estavam a ser torturados e a sequência do tiroteio final foi radicalmente alterada.

Ainda assim, foi lançado em apenas 10,3% das salas chinesas, quando inicialmente eram 17% e com vários queixas nas redes sociais por causa da "castração", muitas pessoas preferiram as cópias pirateadas em DVD. O filme acabou por fazer uns meros 3.7 milhões de yuan, pouco mais de 500 mil euros.

"Não fizemos nenhum dinheiro dele, mas ao mesmo tempo foi visto por pessoas em todo o lado porque o viram numa versão pirateada", contou ao ABC.

"Tenho muitos fãs chineses que compram os meus filmes na China e os vêem e fico bem com isso. Não fico bem noutros sítios, mas se o governo me vai censurar, então quero que as pessoas vejam de qualquer forma que possam."

Está previsto que a China se torne o maior mercado comercial de cinema em menos de dois anos, mas as suas autoridades limitam a 34 os filmes estrangeiros que podem ser lançados nas salas por ano. Tarantino, por exemplo, diz que provavelmente isso não vai acontecer com "Os Oito Odiados", o seu trabalho mais recente.

As receitas de bilheteira na China cresceram 48,7% em 2015, para um total de 6,78 mil milhões de dólares, de acordo com o Hollywood Reporter.