Depois de Maggie Gyllenhaal, foi a vez de Richard Gere aproveitar esta sexta-feira a tribuna do Festival de Cinema de Berlim para atacar Donald Trump, acusando o presidente norte-americano de espalhar o medo e promover crimes racistas.

"Quando Donald Trump se tornou candidato presidencial, o número de crimes motivados por ódio aumentou consideravelmente, e acredito que se constata o mesmo fenómeno na Europa", onde muitos países enfrentam uma ascensão de partidos populistas ou de extrema-direita, afirmou numa conferência de imprensa o ator de 67 anos.

Ao apresentar "The Dinner", um filme de Oren Moverman sobre dois casais confrontados com os crimes dos seus filhos, Gere também denunciou a amálgama que Donald Trump fez entre os termos "terrorista" e "refugiados", principalmente através do polémico decreto anti-imigração, atualmente suspenso.

"Hoje, nos Estados Unidos [terroristas e refugiados] significam a mesma coisa", lamentou o ator, para quem esta associação de ideias "é a pior coisa feita por Trump".

"Antes tínhamos empatia por um refugiado. Era alguém a quem dávamos atenção, queríamos ajudar, a quem queríamos dar um tecto", declarou o ator conhecido por defender os direitos Humanos e a causa tibetana.

"Infelizmente, temos líderes que atiçam o medo e esse medo nos leva a fazer coisas terríveis", insistiu.

Este tema também está no centro de "The Dinner", que começa com uma refeição comum entre dois irmãos muito diferentes e as suas esposas antes de se transformar num grande exame moral sobre a família e os valores.

Richard Gere interpreta um político com grandes ambições, ao lado de Laura Linney, Steve Coogan e Rebecca Hall.

Na quinta-feira, a atriz Maggie Gyllenhaal, membro do júri da Berlinale, apelou para a resistência contra a política do novo presidente dos Estados Unidos: "Eu quero que saibam que há muitas, muitas pessoas no meu país que estão preparadas para resistir".

Sem referir o nome do presidente norte-americano, a atriz acrescentou que "este é um grande momento para se ser americano, num festival internacional".

Já o ator mexicano Diego Luna, que também faz parte do júri, recorreu ao humor para criticar a intenção de Donald Trump construir um muro na fronteira com o México. "Estou aqui para investigar como é que se derrubam muros. Há aqui muitos especialistas e vou levar daqui informação para o México", disse, numa referência ao muro que durante décadas dividiu a Alemanha.

"A única coisa positiva é que tem de haver uma reação a isto e eu quero fazer parte dela", disse.