Quando George Lucas lhe mostrou o biquíni dourado que queria que a Princesa Leia usasse em "O Regresso de Jedi", a atriz Carrie Fisher achou que ele estava a brincar. E quando percebeu que estava mesmo a falar a sério só aceitou a situação porque a seguir estrangulava Jabba the Hutt.

Em 1983, os pais parece que não importaram com o revelador guarda-roupa e levaram os filhos para ver a conclusão da saga espacial, mas os tempos mudaram e o icónico biquíni tornou-se um elemento controverso por causa da objetivação sexual. Carrie Fisher, que falou dele muitas vezes ao longo dos anos, até avisou a sucessora Daisy Ridley: "Não sejas uma escrava como eu fui."

Agora, o biquíni dourado "foi a tribunal" e fez uma vítima: um serviço de video-on-demand por streaming conservador chamado VidAngel.

Este comprava DVDs e removia os seus momentos mais sensíveis, nomeadamente nudez e palavrões, apresentando uma versão mais "limpa" e apropriada para as famílias. O problema é que não o podia fazer e o caso chegou à justiça por causa do biquíni.

O serviço de streaming ainda tentou defender que as suas alterações estavam protegidas com a prática do "fair use" [uso justo], que autoriza o uso de material com direitos de autor em determinados contextos sem pedir permissão aos seus proprietários, e depois com uma lei de 2005 chamada "Family Movie Act", que permite a violação da encriptação do DVD para remover material sensível desde que não seja criada uma cópia física da versão alterada.

O tribunal não concordou, respondendo que o VidAngel nem sequer tinha permissão para exibir "O Regresso de Jedi" em primeiro lugar, violando os direitos da Disney, Lucasfilm, 20th Century Fox e Warner Bros.

Além disso, deliberou que remover cenas sensíveis "pode permitir ao espectador apreciar o filme", mas não acrescenta nada de novo ou muda o seu sentido. Ou seja, o filme continua a ser o filme e tem os direitos protegidos.

O VidAngel foi fechado em dezembro de 2016 e assim continuará após esta decisão, que salienta que se o serviço de streaming continuasse a exibir filmes nos seus termos iria criar uma lacuna na legislação dos direitos de autor: qualquer pessoa podia comprar legalmente a cópia física de um filme e alterá-la para exibição, contribuindo para a pirataria e eliminação do valor comercial da exibição pública em contexto digital.

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