Entre alguns dos temas que serão debatidos estão a degradação do ambiente, os problemas climáticos, o aquecimento global, a extinção das espécies e escassez de água.

“Vamos questionar igualmente o sistema económico capitalista em que vivemos e que não dá prioridade à sustentabilidade: um consumismo exacerbado e uma economia que se desenvolve sem respeito pelo ambiente e as insistentes posições de Donald Trump relativamente às questões climáticas”, observa José Vieira Mendes.

Da mesma forma, “o sistema económico em que vivemos — o capitalismo e a globalização desenfreada — estão a impedir-nos de atuar numa solução para as alterações climáticas. O mundo distópico da ficção científica e do apocalipse chegou, nós é que não estamos a dar por isso. Mas ainda há esperança e é essa a nossa reflexão”.

Memória do cinema português

O festival abre com um filme-concerto com o clássico mudo português "Os Lobos", de Rino Lupo, recém lançado em DVD pela Cinemateca Portuguesa, que será acompanhado ao piano pelo músico Nicolas McNair. O italiano Rino Lupo (1888 — 1934) integrou uma geração de realizadores que marcaram os primórdios e o panorama do cinema mudo nacional.

“Para nós tem um valor simbólico pois foi rodado entre 1922 e 1923 em vários lugares emblemáticos de Seia – Valezim, São Romão e Senhora do Desterro, entre outros, e contou com a participação de atores e figurantes não-profissionais da terra.

Apesar de ser a preto-e- branco a fotografia de Artur Costa de Macedo é deslumbrante ao captar na perfeição as paisagens naturais e rurais da Serra da Estrela e as suas tradições”, assinala o programador.

"Os Lobos" é baseado na peça homónima de Francisco Lage e João Correia de Oliveira (1920), e conta a história de Ruivo, um marinheiro desterrado para a Serra da Estrela, por causa de um crime passional.

A música de ‘Os Lobos’ recupera a partitura original de António Tomás de Lima composta em 1925 e que vai ser interpretado ao vivo pelo próprio Nicholas McNair.

Uma longa trajetória

O Cine’Eco já tem 22 edições, uma marca assinalável no contexto comunitário descentralizado onde quase todos os festivais decorrem em Lisboa.

“Não sendo o cinema de ambiente uma área para as grandes massas de público, paulatinamente, o CineEco tem feito o seu caminho, conquistado públicos e despertado consciências para as questões ambientais”, acrescenta José Vieira Mendes.

Para além dos filmes, o programa conta igualmente com exposições, “workshops”, concertos e outras iniciativas de e para a comunidade. “Este ano, através de uma nova parceria, o festival será alargado aos 15 concelhos da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, composta por 250 mil habitantes, que constitui um novo contributo de aproximação à região”, conclui o programador.