O realizador alemão Wim Wenders receberá um Urso de Ouro honorário pelo conjunto da sua obra no próximo Festival de Berlim, que decorrerá de 5 a 15 de fevereiro de 2015 e incluirá uma retrospetiva dos seus filmes, anunciaram os organizadores.

A sua mistura de géneros e seu trabalho multifacetado como cineasta, fotógrafo e escritor, forjou a nossa memória do cinema e continua inspirando os realizadores de cinema», declarou o diretor Dieter Kosslick. Dez de seus filmes serão exibidos na retrospetiva, cujo programa completo será divulgado nos próximos meses.

O diretor do festival, Dieter Kosslick, descreveu o responsável por Asas do Desejo (1987) e Pina (2011) como "um dos mais notórios cineastas contemporâneos" e disse que a Berlinale vai homenagear sua diversidade artística.

Nascido em 1945, Wim Wenders começou nas curtas antes de apresentar «Summer in the City» em 1970, trabalho de fim de curso que foi a sua primeira longa-metragem. No ano seguinte ajuda a fundar o Filmverlag der Autoren, que teria um papel decisivo na descoberta de uma jovem geração de cineastas que desenvolveram novas estéticas e influenciaram o chamado Novo Cinema Alemão.

«A Angústia do Guarda-Redes Diante do Penalty» (72), o seu primeiro filme formal, anunciou-o logo uma voz única no cinema contemporâneo e «A Letra Escarlate» (73) foi o primeiro de vários títulos em que confirmou o seu fascínio pela América. O Festival de Berlim distinguiu-o apenas pela realização de «Million Dollar Hotel» (2000), quando Cannes lhe deu a Palma de Ouro com «Paris, Texas» (1984) e o prémio de melhor realizador com «As Asas do Desejo» (1987), enquanto o certame de Veneza lhe atribuiu o prémio máximo por «O Estado das Coisas» (1982).

Curiosamente, foi pela sua faceta documental que foi nomeado para os Óscares, por «Buena Vista Social Club» (1999) e «Pina» (2011). Já este ano, «O Sal da Terra», co-realizado com Juiano Salgado» recebeu o prémio especial da mostra «Un Certain Regard» em Cannes. Como recordou Rainer Rother, responsável pela homenagem e diretor artístico da Cinemateca Alemã, «o que é impressionante em Wim Wenders é a sua diversidade e afinidades artísticas».