No final do século passado, as expedições tornaram-se numa atividade turística comercial e o filme do islandês Baltasar Kormakur mostra bem os problemas operacionais que surgiram quando demasiados alpinistas tentaram vencer a montanha. A escalada dos grupos foi marcada para o mesmo dia, 10 de maio, com o objetivo de aproveitar as boas condições meteorológicas, o que obrigou a um esforço de cooperação.

Mas essa coordenação nem sempre é eficaz no terreno, sobretudo quando dezenas de alpinistas cruzam locais mais difíceis, como a derradeira passagem de acesso ao cume, um apertado caminho emparedado onde cabe apenas uma pessoa.

O argumento é, essencialmente, baseado na obra "Into Thin Air", do escritor Jon Krakauer, um sobrevivente dessa expedição, que é interpretado pelo ator Michael Kelly.

Através da abordagem realista temos uma perspetiva ampla sobre a situação de diferentes pessoas envolvidas no drama: alpinistas, socorristas e até familiares. O argumento encontra soluções para valorizar uma série de personagens diferentes como Beck, um texano que sobreviveu (Josh Brolin), ou Yasuko (Naoko Mori), uma japonesa que morreu e tornou-se numa heroína ao ser a primeira mulher a escalar as sete maiores montanhas em todos os continentes.

Mas, além da valorização dos protagonistas reais, "Evereste" tenta ser um filme catástrofe à moda antiga, com menos ação do que é habitual em filmes do género. Tem o espírito de um produção independente que é filmada com grande escala visual.

Esse compromisso acaba por fragilizar os resultados: as personagens geram empatia com o espectador, a profundidade de algumas cenas e os grandes planos da montanha valorizam a projeção em 3D e nas salas Imax, mas perde-se intensidade dramática.

Curiosamente, o climax do filme é a concretização da escalada. Nessa altura parece que podemos tocar o cume do Evereste. Depois, durante a descida, surgem diversos problemas que são agravados por uma tempestade perfeita. Nessa segunda etapa da história não somos verdadeiramente tocados pela sorte trágica de algumas daquelas pessoas, nem nunca perdemos o fôlego.