O cantor canadiano tinha dado a entender que estava a preparar um disco novo, cujo título, “Views from the 6”, já tinha sido avançado. No entanto, no passado dia 13, editou online “If You're Reading This It's Too Late”, que apanhou todos de surpresa.

A sua editora, Cash Money, está com um diferendo com Lil Wayne, que não só quer deixar a casa como pretende levar com ele Drake e Nicki Minaj. Até agora Drake ainda não se pronunciou sobre essa situação, mas “If You're Reading This It's Too Late” pode ter sido lançado para terminar o seu vinculo com a etiqueta.

Se para o rapper o disco é uma mixtape, a sua editora considera que este é o seu quarto álbum, por questões de direitos de autor. Há quem acredite que Drake irá mesmo lançar, ainda em 2015, um disco intitulado “Views from the 6”, mas através de outra editora.

Encontramos indícios de problemas com a Cash Money na faixa “Star67”, em que o rapper dispara: "Brand new Beretta, can’t wait to let it go/ Walk up in my label like ‘Where the check, though?’”.

“If You're Reading This It's Too Late” não é um novo Drake, não são fórmulas novas, antes fórmulas reconhecíveis mas cada vez mais aprimoradas.

Drake está mais seguro e, embora muitas vezes não esteja no seu melhor nas rimas, o seu flow e a facilidade que tem em criar melodias faz com que estas canções ganhem sempre uma dimensão maior.

Reflexo disso é o facto de 17 temas de “If You're Reading This It's Too Late” estarem no top 50 da tabela Hot R&B/Hip-Hop Songs da Billboard, aos quais se juntam colaborações nos álbuns de artistas como Nicki Minaj, iLOVEMAKONNEN ou Big Sean.

Do amor à guerra aberta

Se para muitos Drake é visto como um rapper suave, devido à grande maioria das suas canções falar dos seus relacionamentos amorosos e também porque muitas vezes é convidado para fazer refrãos, em “If You're Reading This It's Too Late” surge mais agressivo, com mais punchlines ou temas a puxar para questões de ego e disputa, como a faixa que abre o disco, “Legend”.

No arranque, canta: “When I pull up on a nigga tell that nigga back, back / I’m too good with these words, watch a nigga backtrack / If I die all I know is I’m a mothafuckin’ legend”. E acusa os outros rappers de estarem a ficar demasiado sentimentais.

Em “Energy”, num ambiente mais sombrio, Drake diz que tem inimigos e vangloria-se sobre o que já conquistou. E realmente nota-se que há, neste disco, um esforço do artista para se colocar na corrida de melhor rapper vivo. Em parte, o desafio passa por responder aos seus críticos, principalmente aos seus pares.

As respostas aos ataques são para Diddy, em linhas como: "Real quick, man, you couldn’t’ve hated that / Let’s be real, nigga, you couldn’t’ve made it that”. Recorde-se que Diddy terá dito ser o autor da faixa "0 to 100/The Catch Up”.

Já a provocação de "They gon’ say your name on them airwaves / They gon hit you after like it’s only rap” parece ser para Kendrick Lamar, com quem Drake colaborou algumas vezes antes de declarar guerra aberta.

É verdade que Drake já se considerava entre os melhores rappers da atualidade e sempre falou do que conquistou, mas nesta mixtape aponta para o primeiro lugar sem hesitações nem subtilezas. “Your content is so aggressive lately, what’s irking you? / Shit is getting so personal on your verses, too / I want to prove that I am Number one over all these niggas / Being number two is just being the first to lose”, canta na faixa que encerra o disco, “6 PM in New York”.

Não nos parece que este seja o álbum (ou mixtape, a dúvida permanece) que o vai colocar como o melhor rapper da atualidade, mas é um disco interessante, muito bem trabalhado musicalmente, com instrumentais em midtempo e ambientes negros, perfeitos para a voz do rapper de Toronto.

“If You're Reading This It's Too Late” pode ser uma boa amostra do que está para vir e até tem a sombra de grandes nomes que também irão regressar em 2015, como Kanye West e Kendrick Lamar.

Mas apesar das muitas qualidades, o contraste com esses e outros rappers mostra que, embora já tenha chegado longe, Drake ainda tem muito para caminhar...

@Edson Vital

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