Em declarações à Lusa, o vocalista e guitarrista Mikas Cabral realça que, “independentemente do bichinho da música” e da vontade de “fazer coisas novas”, a banda sentiu que tinha um “compromisso” com “o público fiel”.

“Depois do Silêncio” rompe um período de onze anos sem gravar e “é o culminar de muitos anos de experiência, de muita convivência com outros músicos”, explica. “É o disco talvez mais adulto, mais maduro dos Tabanka Djaz, em que conseguimos conciliar aquilo que é a base, a essência, (…) com as novas sonoridades, com tudo o que as novas tecnologias põem ao nosso alcance para fazermos um bom trabalho”, descreve. “Tentamos manter os nossos fãs e tentar agradar outros”, acrescenta.

Oriundos da Guiné-Bissau, os Tabanka Djaz formaram-se em 1988 e gravaram o primeiro álbum, “Tabanka”, dois anos depois.

O grupo teve bastante visibilidade nos anos 1990, com passagem por Angola, Moçambique, Senegal, França, Luxemburgo, Holanda, Estados Unidos e Cabo Verde, editando outros dois álbuns, “Indimigo”, em 1993, e “Sperança”, em 1996, que vendeu 40 mil exemplares.

No século XXI ainda editaram “Sintimento” (2002), mas a morte do teclista Caló Barbosa, em 2006, o regresso a Angola do baterista Dinho Silva, em 2008, e “a crise financeira que arrasou a indústria musical” e ditou a falência da produtora do grupo impuseram um silêncio de onze anos.

“Depois do Silêncio” é, pois, a celebração de 25 anos de carreira, que os Tabanka Djaz pretendem assinalar também com “muitos concertos”, incluindo um “grande” no Coliseu de Lisboa, espera Mikas Cabral.

A distribuição da música africana em Portugal “evoluiu bastante”, sobretudo com “o boom da kizomba”, nota Mikas Cabral. “A música africana sempre se consumiu em Portugal, mas não desta forma, agora muito mais, com esta nova geração”, distingue.

Os guineenses Tabanka Djaz mantêm “uma ponta de esperança” em relação ao futuro do seu país. “As eleições, por si só, não resolvem os problemas. Já tivemos várias eleições na Guiné e os problemas continuam a ser os mesmos. O problema está nos políticos, está nas pessoas”, considera Mikas Cabral.

“Depois de tantos atropelos na Guiné, já é o momento de os nossos políticos, a sociedade civil, o povo em geral acordarem para pensarem numa Guiné mais sóbria, mais sensata, menos agressiva e menos ambiciosa por parte de cada um, em que as pessoas comecem a pensar mais no povo e não em si próprias”, reflete.

O lançamento do novo trabalho dos Tabanka Djaz chegou a estar planeado para dia 27 de novembro, em Luanda, a capital angolana, mas “um contratempo” forçou o cancelamento do evento, que deverá acontecer ainda até final do ano.

Na sexta-feira, às 18:30, a banda fará um “show case” na Fnac do Colombo, em Lisboa. Atualmente, o grupo tem quatro elementos de base: Mikas Cabral, Juvenal Cabral, baixista, Jânio Barbosa e Mimito Lopes, teclistas. Nas atuações ao vivo, juntam-se o baterista Cau Paris, o percussionista Kabum, Lars Arens no trombone, João Capinha no saxofone e Cláudio Silva no trompete.

@Lusa

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