A poetisa e produtora discográfica Maria de Lourdes de Carvalho, que trabalhou com ele, afirmou à Lusa que Marunho d'Assunção "era um cavalheiro no trato". "Um senhor, até na posição como tocava e pegava no instrumento. Um virtuoso como instrumentista e um originalíssimo e estupendo compositor", rematou.

Filho de um poeta de fado, também batizado Martinho d’Assunção, o músico tocou vários cordofones, nomeadamente violino e bandolim, acabando por se fixar na viola. Segundo o neto, também viola, o avô citava como influência o guitarrista espanhol Andrés Segóvia.

O viola Martinho d’Assunção, falecido em 1992, é “um marco incontornável do fado”, disse à Lusa o músico Joel Pina, um dos últimos acompanhadores de Amália Rodrigues. “Há dois marcos na música portuguesa, enquanto acompanhamento, um foi o Quarteto de Guitarras de Raul Nery, e outro, o Quarteto Típico de Guitarras Martinho d’Assunção", disse o músico de 94 anos. Deste quarteto fizeram parte Francisco Carvalhinho, António Couto (guitarra portuguesa), Martinho D’Assunção (viola) e Joel Pina (viola-baixo).

Martinho d’Assunção atuou em vários espaços fadistas como o Café Avenida, o Salão Jansen, Café Mondego, Estribo, Mirante, Solar da Alegria, Luso, A Toca, Lisboa à Noite e O Faia, tendo acompanhado os mais distintos fadistas.

Como compositor, além de “Gota Abandonada”, uma criação de Lenita Gentil, compôs, entre outros, "Fado Faia", "O sol há-de brilhar na minha voz", "Bom Dia, Meu Amor", "Uma História", "Fado do Chiado", "Fado Corridinho" e "Casinha de um Pobre".

Na década de 1930 fez parte do “Grupo Artístico de Fados”, constituído também pelas fadistas Berta Cardoso e Madalena de Melo, o guitarrista Armandinho, e o viola e poeta João da Mata, com o qual atuou nos Açores e na Madeira, Brasil, ex-colónias portuguesas e na Rodésia do Norte, com assinalável êxito como reporta a imprensa da época, disse à Lusa a estudiosa de fado Julieta Estrela de Castro. O músico fez ainda parte de outros agrupamentos, entre eles, o “Conjunto Artístico Português” e o“Quartecto Típico de Guitarras”.

Segundo informação do Museu do Fado, depois do encerramento d’O Faia, o músico formou o “Trio de Guitarras de Martinho d’Assunção” com Arménio de Melo e o neto Vital d’Assunção e, posteriormente o “Opus Fado” em que ao trio se juntou o fadista Chico Madureira. Com esta formação atuou em casas de fado, bem em espetáculos na Suécia, França, Alemanha, entre outros países.

Na homenagem no Museu do Fado, na quinta-feira a partir das 19:00, participam os fadistas Anita Guerreiro, Maria Amélia Proença, Lenita Gentil, Chico Madureira, Rodrigo, Natalino de Jesus, Artur Batalha, Maria Mendes, Joana Amendoeira, Pedro Moutinho, Marco Oliveira, Bruno Igrejas e Taku, que serão acompanhados por Arménio de melo (guitarra portuguesa), Vital d’Assunção (viola) e Joel Pina (viola baixo). No Museu estará também patente uma exposição evocativa da carreira do músico.

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